Hoje venho falar-te sobre o regresso ao trabalho. 1 semana depois do meu regresso, após vários meses ausente. Digo vários meses, porque aquilo que para muitos que estão de fora parece muito tempo, para nós mães é sempre muito subjetivo. Há dias em que parece tanto, naqueles dias difíceis e em que nos sentimos tão sozinhas, mas há muitos dias em que o tempo parece voar em direção a este regresso e a ansiedade dá conta de nós.
Há uma semana o dia de regressar ao trabalho foi difícil por tudo o que vinha daí. Sobretudo todas as adaptações: uma nova rotina, um processo de adaptação e aprendizagem com um bebé agora cá fora. Não é fácil, é, muitas vezes, angustiante! O coração aperta de imaginar as horas que vamos estar separados, a cabeça facilmente se desfoca a pensar em como é que ele estará na minha ausência. Por vezes as lágrimas correm pelo receio de não dar conta do recado e as mamas, essas pingam só de olhar para a fotografia do meu bebé.
Este caminho de regresso ao trabalho não começou há uma semana, bem sei. A preparação já vem de longe:
- Com quem e onde vou deixar o meu bebé? Escola ou avós?
- Como vão oferecer o meu leite ao meu bebé na minha ausência? Afinal ele é amamentado exclusivamente e biberão não faz parte dos utensílios cá de casa. E as pessoas com quem ele vai ficar sabem alimentá-lo com as alternativas existentes? E se ele se engasgar?
Já desembrulhei este novelo de lã da minha cabeça ao longo dos meses; sim, porque muitas destas decisões foram ainda pensadas e tomadas durante a gravidez para que me pudesse certificar de que tudo o que me causava ansiedade ficava resolvido.
- A escolha da escola foi fundamental. E porquê escola? Porque talvez eu, como tantas outras mães e pais, têm os seus pais ainda ativos profissionalmente. Sendo a escola a solução, foi fundamental conhecer as pessoas e criar uma base de confiança, saber o que elas sabem acerca daquilo que me preocupa, pois afinal estou a confiar o meu filho durante grande parte do dia a outras pessoas.
Mais uma vez digo: não é fácil para o coração de uma mãe. Também de um pai, claro, não me quero nem posso esquecer dele, mas acredito que nós mulheres, na grande maioria das vezes, por todo o processo de “reajuste” hormonal e corporal, estamos mais vulneráveis emocionalmente.
Obrigada querido diário por me “ouvires”. E sabes que mais? No final do dia de trabalho, até soube bem voltar a sentir-me mais do que mãe, aquele papel maravilhoso mas que facilmente nos anula de tanta outra coisa boa. Sentimento de culpa, sim tanto, mas também é bom voltar.
Até já.
Tatiana Almeida, ESIP, Equipa SOSMAMÃ
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