O que pode comer a mulher que amamenta?

Uma das grandes questões que surge nas mulheres que acompanhamos em pós-parto é esta: “o que posso comer, estando a amamentar?”.

Numa outra época, muito se ouvia que a mulher que está a amamentar devia comer bacalhau para aumentar a produção de leite, ou então evitar as leguminosas, como o grão ou o feijão, porque ia provocar cólicas no bebé. Quem nunca ouviu estas recomendações relacionadas com a amamentação?

Nesta semana da alimentação, decidimos que este é um assunto de elevada importância e que deve ser abordado, já que muitas de vós vivenciam agora esta linda fase da vida.

Energia extra

A produção de leite materno e a amamentação são processos que requerem energia extra por parte da mulher. Por este motivo, a mulher, na grande maioria das vezes, tem facilidade em perder peso no pós-parto. De facto as reservas de gordura acumuladas durante a gravidez vão agora contribuir para todo este processo inerente à amamentação.

É sabido que o leite materno varia ao longo do tempo e que a alimentação da mãe irá influenciar o sabor do leite. Acredita-se que uma alimentação tão variada quanto possível durante o período da gravidez e amamentação, possa moldar as preferências de sabor durante a infância. Além disso, comer bem vai ajudar a contrabalançar as necessidades energéticas.

Alimentação da mãe influencia o bebé?

Numa perspetiva de tentativa e erro, a mulher poderá notar que a ingestão de alguns alimentos podem ter determinada influência sobre o bebé. Um equívoco comum é que os alimentos que provocam “gases” nos adultos, como as couves e o repolho, também causam gases no seu bebé. No entanto, de acordo com a literatura, apesar de estes alimentos poderem provocar gases na mãe, os compostos que os promovem não são transferidos para o leite materno. Assim, a mulher deve manter uma alimentação variada e saudável, garantindo um aporte nutricional e calórico adequado.

Segundo a literatura, a lactante deve aumentar o seu aporte calórico diário em 200 a 500kcal e aporte hídrico em cerca de 700ml relativamente ao seu consumo diário habitual.

Obviamente, estes são valores de referência, os quais estão sempre condicionados por uma grande variedade de fatores, como tamanho, idade e apetite do bebé, a atividade diária da mãe e o seu índice de massa corporal (IMC). Mães com excesso de peso ou obesidade não necessitam de aumentar o seu aporte calórico diário. Da mesma forma, o período de amamentação é um período em que a mulher deve evitar dietas com o intuito de perder peso rapidamente, pois pode estar a incorrer numa ingestão deficiente de nutrientes essenciais a si e ao seu bebé.

Que alimentos selecionar? Que alimentos evitar?

Considerando uma alimentação variada, um dos cuidados a ter, passa pelo cuidado na ingestão de peixe com elevadas concentrações de metilmercúrio, devendo dar preferência a peixes como salmão, atum, entre outros, em que as concentrações de metilmercúrio são mais baixas. Já peixes como são a tintureira, cação, espadarte, peixe-espada, algumas espécies de atum, são peixes que apresentam maior concentração de metilmercúrio, devendo ser evitados.

Mães com dietas específicas, como vegetarianas ou vegan, deverão considerar um possível apoio nutricional, no sentido de avaliar se haverá necessidade de alguma suplementação por carência de algum nutriente que possa estar a ser restringido na sua alimentação.

E relativamente ao café, bebidas alcoólicas e tabaco?

Café, álcool e tabaco envolvem questões que preocupam os pais.

Relativamente ao consumo de café, uma vez que este contém cafeína na sua composição, a qual é um estimulante do sistema nervoso central (SNC), o seu consumo deve ser restrito, sabendo que o pico de concentração máxima de cafeína ocorre cerca de 1 hora após o consumo do café. Estima-se que 1% da cafeína consumida passe para o leite materno. Pode parecer pouco, mas importa saber que os bebés não conseguem metabolizar tão facilmente a cafeína, levando à sua acumulação dentro do organismo. O consumo inferior a 300mg/dia de cafeína durante a amamentação parece ser seguro para mãe e bebé, idealmente 200mg/dia, equivalente a 2 cafés. Não esquecer que alguns sumos e chás também contém cafeína!

Por outro lado, as bebidas alcoólicas têm um efeito de depressão do SNC. A sua excreção no leite materno ocorre à mesma velocidade em que é excretado do organismo, podendo ter influência sob o comportamento do bebé. Assim sendo, o seu consumo deve ser evitado.

Já o tabaco pode influenciar negativamente o processo de produção de leite materno, reduzindo o seu teor de vitamina C e lípidos, podendo colocar em causa o normal crescimento do bebé. Está também cientificamente comprovado que bebés que vivem em ambiente de fumadores têm risco aumentado de infeções respiratórias.

E desse lado, como foram / estão a ser as vossas escolhas alimentares?

Com o especial contributo da Nutricionista Dra. Inês Mendes de Almeida, nutricionista materno-infantil e da Enfª Tatiana Mouralinho, colaboradora SOSMAMÃ

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