Ter um bebé ou uma criança em casa e garantir uma casa segura exige cuidados muito especiais. Bebés e crianças gostam de explorar e pisar o risco. São grande motivo de preocupação!

Há muitos ajustes a serem feitos quando planeamos a chegada de um bebé. Para além dos ajustes na dinâmica familiar haverá necessidade de adaptações na casa onde a futura criança irá crescer e descobrir o mundo.
Conscientes de que existe perigo em todo lado, a prevenção é o melhor aliado dos pais!
Sendo os bebés e as crianças imprevisíveis e surpreendentes, com ideias vindas de um mundo imaginário por vezes inalcançável para um adulto, a primeira atitude a tomar é tornar a casa “à prova” de bebés e crianças.
Experimenta percorrer a tua casa em modo “criança” e muito rapidamente vais perceber como existem pormenores que te passaram despercebidos. Aí avalia o que está bem e o que podes melhorar!
Ter uma casa segura é possível, mas não dispensa uma supervisão quase constante de um adulto.

Que cuidados especiais?

Todos já ouvimos falar nos cuidados especiais para receber um bebé. Apostamos que algum destes falhou :) Vamos conhecer 16?
● Tomadas protegidas;
● Travões de portas e gavetas para evitar entalões;
● Protetores de cantos e esquinas de móveis;
● Portas dos armários “proibidos” trancadas;
● Janelas sem bancos ou caixas de acessibilidade fácil;
● Escadas com cancelas para evitar quedas;
● Móveis fixados à parede;
● Tapetes bem presos ao chão;
● Objetos pequenos inacessíveis;
● Frigideiras, tachos e panelas na parte interior do balcão;
● Trancas na porta do forno e tampas para o fogão;
● Objetos cortantes bem guardados;
● Produtos de limpeza em armários altos;
● Piscina com vedações seguras;
● Especial atenção às pilhas;
● Cuidado com toalhas e panos em cima da mesa e/ou bancada que possam ser puxadas pelo bebé ou pela criança.
Falamos sobretudo de barreiras físicas, contudo o perigo está muitas vezes em atitudes e comportamentos que adotamos e que podem ser potencialmente perigosos para a segurança da criança.
Assim, desde o primeiro dia de vida do teu bebé deves adquirir e manter determinados hábitos que permitam antecipar potenciais situações de risco e evitar danos irreparáveis.

Que acidentes mais frequentes no primeiro ano de vida?

De seguida damos 6 exemplos de acidentes ou acontecimentos mais frequentes no primeiro ano de vida com bebés e crianças e como evitá-los. São sugestões que achamos mesmo imprescindíveis.

Quedas

● Bebé NUNCA deve ser deixado sozinho em cima da cama, do trocador, de uma mesa ou de um
sofá;
● Na cadeira de transporte (vulgarmente chamado de ovo) os cintos devem estar devidamente colocados, mesmo que esteja parado ou o espaço de deslocação seja curto e deve ser colocado no chão e nunca em cima de mesas ou cadeiras sem estar a ser seguro por um adulto.

Síndrome da morte súbita

● Bebé deitado de barriga para cima;
● Ambiente/casa livre de fumo do tabaco;
● Não sobreaquecer o bebé. As mantas devem estar até ao nível das axila e o quarto entre os 18 e os 21ºC;
● Bebé em berço individualizado;

Asfixia

● Bebé livre de babete ou com fitas/cordões para segurar a chucha;
● A cama deve ser homologada pela Norma Europeia EN 716. (apsi, 2017);
● Grades devem ter no mínimo 60 cm de altura e a distância entre as barras das grades deve ser inferior a 6 cm;
● Colchão firme e bem adaptado ao tamanho da cama.
● Cama sem almofada, fraldas de pano, brinquedos, gorros ou laços;
● Especial atenção aos brinquedos e peluches com peças ou botões pequenos que facilmente se possam soltar e serem ingeridas pelo bebé (risco de engasgamento);

Queimaduras

● Não cozinhar com o bebé ao colo;
● Verificar sempre a temperatura da água;
● Se o bebé estiver a ser alimentado por biberão, certificar a temperatura do leite, entornando uma gota no pulso. Não utilizar o microondas: o biberão pode estar morno, mas o leite muito quente.

Afogamento

● Não deixar o bebé perto da piscina e na banheira sem supervisão;
● Instalar cercas em volta das piscinas;
● Não deixar água em baldes ou outros recipientes ao alcance do bebé. Crianças pequenas podem se afogar em poucos centímetros de água

Todo o cuidado é pouco. Mesmo com informação de acessibilidade fácil, quer na internet quer
em cursos de formação, os acidentes continuam a ser causa da entrada de bebés e crianças nos serviços de
urgência.
Deixo-te 2 testemunhos de duas mães que passaram por situações que poderiam ser evitadas:

O Leo tem 2 anos e estava a brincar no quarto com o irmão mais velho. O Vicente gosta de carros e
legos.
É habitual brincarem juntos e tenho sempre muito cuidado com os brinquedos, nomeadamente com as
peças pequenas. Estava tranquila.
Tinha recebido a visita de uma amiga que há muito que não nos encontrávamos e estava mesmo feliz por
estarmos juntas. Quando de repente o Vicente começa a gritar e a chamar pelo Leo!!! Fomos a correr até
ao quarto. Olhei para o Leo mas não estava a perceber o que se passava…o Léo estava com uma cor
estranha e parecia não estar a respirar. A minha amiga agarrou no meu bebé e deu pancadas fortes nas
costas e de repente ouço o meu menino chorar novamente. Nunca fiquei tão feliz de ouvi-lo chorar! Se a
minha amiga não estivesse lá, o que seria do meu menino…o que seria de mim…o que seria de nós!!

Conceição mãe de Leo de 2 anos e de Vicente de 6 anos

O meu bebé tinha apenas 3 meses e estávamos no trocador a mudar a fralda. Era sempre um momento
de muito riso… A Frederica sempre foi muito risonha! No meio de tanto divertimento, reparei que me tinha
esquecido do creme para o rabinho. A gaveta estava logo ali, virei as costas e dei apenas um passo para trás mas os olhos fugiram 1 minuto da minha menina. Quando ouvi um som inconfundível… a minha menina estava no chão. Não podia, nem queria acreditar… Ela chorou compulsivamente e o meu coração também, ela sentia dor e o meu coração também. Senti-me a pior mãe do mundo! Chamei o meu marido e fomos para o hospital.
Aí ouvi o que nunca pensei ouvir. A Frederica tinha uma fratura num osso do crânio. Ficamos internadas 3 dias mas felizmente agora está bem. Não deixou sequelas mas a culpa ficou.

Isabel mãe da Francisca de 4 meses

No entanto, poderíamos falar de muitas outras situações. Os traumatismos e lesões provocados por acidente são uma das principais causas de morte/internamentos/chamadas para o 112 das crianças em Portugal entre os 0-4 anos, sendo as quedas o acidente mais frequente, e seguido de asfixia por corpos/objetos estranhos (engasgamento) (APSI, 2022).
Esta incidência tem vindo a diminuir, muito por causa das ações de formação que têm vindo a ser desenvolvidas por entidades especializadas.
O investimento em saúde, nomeadamente em primeiros socorros pediátricos pode mesmo significar a diferença entre a vida e a morte. E é um tipo de conhecimento que será útil em todos os momentos, seja para ajudar os teus filhos em casa ou um desconhecido noutro sítio qualquer.
A informação é poder!

CONTACTOS ÚTEIS

Centro de Informação Antivenenos (CIAV) – 800 250 250
Saúde 24- 808 24 24 24

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Artigo redigido pela Enfª especialista em Saúde Infantil e Pediatria, Enfª Sofia Natal
Guia Digital de Segurança – Produtos para Crianças
Relatório de Avaliação : 30 Anos de Segurança Infantil em Portugal 2022 – APSI | Crianças a torto e a Direitos