Agosto, para muitas famílias representa férias e descanso; para outras traz ansiedade e preocupação… Afinal de contas aproxima-se Setembro, o mês em que o bebé dá entrada na creche pela primeira vez, o que se transforma em verdadeira ansiedade para os pais. Pais ansiosos transmitem essa ansiedade ao bebé e esse é o grande motivo deste artigo que hoje vos trago.
Há muitas famílias a fazerem um esforço acrescido mesmo para conseguir manter os seus filhos em casa até Setembro, já que as IPSS (habitualmente mais baratas do que as creches privadas) reabrem neste mês após todo um mês de Agosto encerrado.
Como será que o bebé vai lidar com a entrada na creche? Como me vou sentir? Saberei gerir todas as emoções?
São as questões da maioria dos pais. E que espero hoje conseguir ajudar a responder e a tranquilizar 🙂
- Julho de 2020 representou para nós a entrada do João Maria na creche. Surgiu uma vaga na IPSS da zona antes de Setembro e foi a cereja no topo do bolo, já que os tios avós são pessoas com mais idade (e os únicos que nos podíam ajudar) e ficávamos preocupados de saber que os cansaríamos tanto diariamente.
- O nosso bebé tinha 10 meses. Ficou comigo em casa todo esse tempo (excepto o 6º mês que foi o mês do pai em casa com o pequeno). Por um lado receava este desapego quando tínhamos sido a companhia um do outro durante 10 meses; por outro sentia, ao olhar para ele e ver todo o nosso percurso até então, que era um menino seguro, tranquilo e feliz. Tinha tudo para não ter medo de ficar com outras pessoas, pois sabia que a mamã jamais o deixaria.
- Confesso que procurei sempre gerir as emoções com tranquilidade, apesar das borboletas na barriga e da ansiedade se fazerem sentir de alguma forma. O filho que tenho ajudou-me, desde cedo, a perceber que não ia ser difícil. Mas uma coisa eu sabia que era deixá-lo com os tios avós (algo que fizémos várias vezes, por vários pedaços de tempos, durante as várias semanas); outra seria deixá-lo com pessoas desconhecidas para mim, mas sobretudo para ele.
- O primeiro dia foi de tal forma tranquilo que o João Maria ficou logo para almoçar e dormir lá a sestinha. É verdade que sempre comeu muito bem e dormia bem a sesta em casa após almoçar há meses suficientes; se fosse para os tios avós adormecia igualmente bem, sozinho no seu berço: calculei que alí não fosse exceção.
- Passou-se esse dia, aliás, essa semana e voilá: todos seguros, todos tranquilos. Esta passaria a ser a nossa realidade, ano após ano. O nosso filho cresceu, vai crescer ainda mais e a escolinha vai ser a sua companhia daqui em diante.
Não tenho dúvidas que me guiei por 10 aspetos fundamentais: 10 formas de pensar, 10 mecanismos de defesa, se lhes quiserem chamar: a verdade é que me senti tranquila e segura. E desejo o mesmo para vós 🙂 Vamos conhecer as minhas 10 dicas para ajudar todos os pais a tranquilizarem os seus corações nesta fase tão importante das suas vidas?
O nosso bebé está a crescer!
Pensamento-padrão: os meses passaram, o nosso bebé foi crescendo. Há coisa melhor do que vermos o nosso filho crescer? E chega agora a altura de o “deixar voar para um lugar seguro, que lhe trará muito ensinamento e o fará igualmente feliz”. Foi o meu pensamento inicial: tem de ser, não vou poder mantê-lo de baixo da minha asa para sempre pois não?
Ajudou, claro, todo o “treino” até então: pequenos bocadinhos junto dos tios-avós (30min. no início, 1h depois, uma manhã noutro dia…) ajudaram a “desapegar” aos poucos. Atenção que encaro isto como um desapêgo saudável e necessário!
Tenho do meu lado uma pessoa tranquila, confiante e segura
Isso ajudou muito! Podemos não ter todas um homem seguro do nosso lado, mas se estamos com o pai do nosso filho, temos com toda a certeza um elemento que decide também e que conversa connosco sobre o assunto. Podermos contar com o seu ombro, a sua voz e o seu apoio, é algo fundamental em todo o processo.
Para quem não tem consigo o pai do bebé, espero que tenha uma avó, uma tia ou uma madrinha, que igualmente desempenhe uma função de amiga, confidente e elemento tranquilizante em todo o processo que a entrada na creche representa.
Vou regressar à minha rotina laboral
Saber que a minha rotina ia retomar também me ajudou: precisava tanto de ter hora específica para tocar o despertador, me arranjar, tomar o pequeno almoço, rever os meus colegas, rever os meus doentinhos… Precisava da minha rotina diária, por mais que fosse diferente da que era antes. É saudável termos emprego, um local para onde ir com obrigações horárias. E no final, regressarmos para junto dos nossos tesouros.
O nosso filho vai para um sítio que já conheço
Reuni com a Educadora do João Maria antes da sua entrada e fiquei a par das rotinas diárias, das orientações da administração e dos passos a seguir em caso de adversidade. Já tinha igualmente referências do local, por outras pessoas conhecidas que já lá tinham os seus filhos e tudo junto ajudou a aumentar a confiança no espaço que escolhemos para deixar o nosso tesouro.
Deixei, junto do nosso filho o que ele precisa para estar bem
Pode parecer estranho, mas faz tanta diferença sabermos que deixamos a chuchinha que o nosso bebé gosta, o bonequinho de dormir ou a fralda certa, aquele iogurte ou aquelas bolachas que tanto gosta que lhe faça em casa 😉
Junto do nosso bebé estão outras crianças com quem vai crescer e se desenvolver
Que pensamento bom este: a certeza que vai brincar com outros bebés e crianças, vai aprender com elas e isso vai ser um apoio essencial no seu desenvolvimento. Estamos todos no mesmo barco 🙂
Os profissionais que vão cuidar do nosso filho são habilitadas para cuidar de crianças
A grande certeza é esta. Educadora e auxiliares devidamente formadas e capacitadas para lidar com bebés e crianças. Isso só podia ser mais um motivo para ficarmos tranquilos em deixar o nosso bebé ao seu cuidado.
É claro que aqui também temos profissionais treinados em primeiros socorros básicos, com material disponível em caso de necessidade e que sabem perfeitamente os contactos a fazer em caso de urgência ou emergência. Isso só pode dar mais tranquilidade aos pais destes pequenos seres.
O nosso filho tem próximas pessoas de confiança, se for preciso alguma coisa
Saber que temos os tios-avós reformados ajudou, igualmente, a tranquilizar os nossos corações. Ambos trabalhamos a mais de 25km da creche do João Maria. Tínhamos algum receio de não conseguir estar rapidamente na creche se fôssemos precisos. Sabermos que tínhamos do outro lado duas pessoas disponíveis para o ir buscar ou simplesmente para chegar primeiro em caso de alguma situação inesperada, ajudou a sentirmo-nos mais seguros.
Deixei o meu contacto pessoal e o do pai, em caso de alguma urgência/emergência
Sou só eu que, por ser enfermeira, acredito sempre que não acontece só aos outros? 🙂 O contacto dos pais fica SEMPRE na creche. E portanto, seremos os primeiros a saber se alguma coisa acontecer. Não vale a pena vivermos atormentados, porque o que acontece na creche pode acontecer junto a nós, mas saber que serei contactada imediatamente se algo acontecer ao meu filho, claro que me deixa mais segura!
Vou regressar, assim que me seja possível, para junto do meu bebé e mostrar-lhe que nunca o deixo sozinho
É tão importante não é? Para nós, mas sobretudo para eles. Esta é a tranquilidade necessária para que o nosso bebé fique seguro onde o deixamos. Ele vai, com toda a certeza, saber que não ficará esquecido, que a mamã e/ou o papá voltará para o ir buscar e aproveitar cada momento diário de amor e felicidade.
O que acharam deste artigo de amor? Boa sorte nesta fase linda das vossas vidas. Não tenho dúvidas quee é mais um passo essencial no crescimento e independência do vosso filho.
Podes ainda encontrar dicas preciosas neste link (artigo do blog sobre regresso ao trabalho da mãe) para vivenciares a fase de regresso ao trabalho da melhor maneira possível.
0 Comments