As crianças precisam de sol! Entender os riscos, valorizar as vantagens

Primavera é sinónimo de início de campanhas de proteção solar. Falando em crianças apercebemo-nos que somos quase proibidos de circular na via pública com um bebé, pois o risco da exposição solar nesta faixa etária é ainda maior.

Mas atenção! As crianças precisam de sol!

Assumir a necessidade de suplementação de vitamina D em crianças é compreensível, sobretudo em países com baixa exposição solar. Afinal de contas é esta a principal via responsável pela sintese de vitamina D no organismo humano. Os meses de inverno em Portugal são aqueles onde o risco de deficiência de vitamina D é maior, sendo perfeitamente aceitável a importância da suplementação até aos 12 meses de idade (e garantidamente não venho aqui contrariar esse facto estudado pela medicina).

Não deixa de ser completamente necessário as crianças apanharem sol, certo?

Completamente necessário. Com base na evidência encontrada, o contacto responsável das nossas crianças com o sol é fundamental! Até porque é esse contacto que vai favorecer a síntese de vitamina D, essencial para manter valores normais de ferro e de cálcio no sangue. A Sociedade Portuguesa de Pediatria acrescenta ainda os benefícios da vitamina D na proteção contra doenças infeciosas, autoimunes, cardiovasculares e oncológicas.

Quando digo isto, não assumo que devemos colocar bebés e crianças ao sol nas horas de maior calor! Afirmo apenas que precisamos de deixar os nossos filhos brincar na rua, com a devida proteção e nos horários adequados ao efeito.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2014) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM, 2014), recomendam a exposição solar, no 1º ano de vida, de cerca de 30 minutos por semana (6 a 8 minutos por dia, 3 vezes na semana) no caso de um bebé com fralda; se vestido, aumenta para 2h por semana (cerca de 17 minutos por dia).

Acrescentam ainda que a vitamina D também pode ser encontrada na alimentação, sobretudo em ovos e em peixes gordos, como a sardinha e o salmão, que devendo ser comidos com moderação, não devem ficar esquecidos na dieta de crianças.

Sol e crianças: que cuidados?

Nesta matéria a Direção Geral de Saúde (DGS) é explícita nas recomendações. Verão, em Portugal, é sinónimo de temperaturas aumentadas e maior risco de desidratação. Por esse motivo é importante não descurarmos, enquanto cuidadores, de certos cuidados com as nossas crianças:

  • Crianças que ainda não iniciaram diversificação alimentar têm no leite materno (e também no leite artificial, para as que não são amamentadas) a hidratação necessária ao seu dia-a-dia. Contudo, em dias de maior calor, é importante aumentar a frequência das mamadas (mesmo que sejam fornecidas menores quantidades de leite artificial mas mais vezes ao dia);
  • A partir do início da diversificação alimentar é fundamental iniciarmos a oferta de água ao bebé, sem pressões mas persistindo na oferta de pequenas quantidades ao longo do dia (ver artigo “o meu bebé não aceita água: 4 estratégias)
  • As crianças até aos 6 meses, mas idealmente até aos 12 meses, não devem apanhar radiação solar direta;
  • As crianças devem evitar a exposição solar direta entre as 11 e as 16-17h;
  • Evitar o exterior nos períodos de maior calor (mesmo à sombra, se estiver um dia de calor o abafamento existe);
  • Nos horários «11h e »17h podem estar ao sol, desde que devidamente protegidas (com proteção solar, chapéu, óculos de sol e roupa larga);
  • A proteção solar mineral é a de eleição em crianças e deve ser aplicada 30 minutos antes de sair à rua, renovando a aplicação várias vezes ao dia;
  • O chapéu deve ser de abas largas;
  • Os óculos de sol devem conferir proteção ocular UVA, UVB;
  • O vestuário deve ser largo, leve e fresco, não esquecendo que quanto mais transparente for a roupa, menor é a proteção conferida;
  • O ambiente deve ser fresco (podemos baixar os estores / persianas) e com circulação de ar (evitando correntes de ar ou ares condicionados diretos à criança);
  • Não manter as crianças dentro de automóveis ao sol.

Orientações importantes da DGS para cuidadores e crianças no folheto deste link

Explicar estes cuidados às crianças é fundamental!

E nada melhor do que através da brincadeira!

Ora vejam só as recomendações da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, de cuidados com a exposição solar para as nossas crianças (link)sngue

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