12 meses e… “o vosso filho tem de começar a comer convosco à mesa, da vossa alimentação” diz-nos o profissional de saúde que segue o nosso bebé.
Instala-se o drama em muitas famílias 😲
- Vamos ter de gerir horários e refeições para todos?
- E os alimentos a selecionar? Talvez seja importante privilegiar alimentos saudáveis…
- Como conseguir que o bebé coma da nossa comida? Ainda por cima quando, até então, só conseguíamos dar-lhe praticamente tudo passado… 😶
A partir dos 12 meses o bebé deve sentar-se à mesa com os pais e comer da sua comida…
Mas será que só a partir dos 12 meses o bebé deve comer conosco à mesa? Devemos nós antecipar este momento para que depois tudo se torne mais fácil?
Esta é a minha opinião mais sincera:
1. O bebé deve começar a comer, o mais precocemente possível, à mesa com os pais, da comida dos pais
Certamente que com os ajustes necessários. E quando falo em ajustes, falo obviamente da ausência de sal, açúcar e mel. Afinal, tudo o resto pode perfeitamente ser oferecido ao bebé, claro, com moderação e cautela. Desde que ele nos mostre estar preparado para esta oferta alimentar diversificada e cada vez menos cremosa / pastosa.
O João Maria começou a sentar-se à mesa connosco, explorando alimentos em finger food, cerca dos 7 meses de vida.
2. O bebé deve começar a comer alimentos cada vez menos triturados, o mais precocemente possível
Isto é, com base na evidência, assumo de facto que a oferta de alimentos cada vez menos triturados deve ser uma realidade o mais precocemente possível: com toda a certeza o treino precoce de paladares e texturas facilita a rápida aceitação do bebé a uma variedade de alimentos.
Mas afinal quando podem ser oferecidos alimentos mais sólidos ao bebé?
Habitualmente, logo após a aceitação, por parte do bebé, dos alimentos cremosos / pastosos (sopa, papa), podemos progressivamente ir triturando menos os alimentos. Esta recomendação dou-a sempre, após o 6º mês de vida do bebé.
O maior risco na oferta precoce de alimentos sólidos é sempre o de engasgamento. Nesse sentido, temos de estar atentos aos sinais de preparação do bebé para a aceitação de alimentos cada vez menos triturados:
- Primeiramente, a segurança para a alimentação à colher, após perda do reflexo de extrusão lingual (lingua para fora) – entre os 4-6 meses;
- É também fundamental a capacidade do bebé em ficar sentado – entre os 4 e os 6 meses;
- Em seguida e finalmente o controlo visão-mão: o bebé consegue agora ir buscar o alimento e levá-lo à boca (ideal para o sucesso no finger food) – a partir dos 6 meses;
- Com esta última habilidade, vem a capacidade do bebé em realizar movimentos ritmicos com a boca: o bebé consegue moer os alimentos e engoli-los – entre os 6-7 meses.
DGS, 2019
O workshop “desengasgamento em bebés: vamos prevenir?” aborda estes e muitos outros aspetos de segurança na oferta de alimentos (seja em abordagem tradicional, baby-led weaning ou mista). Tem sido um sucesso e todos os meses conta com 30 vagas. Garante a tua, enviando e-mail para mailsosmama@gmail.com
3. A seleção dos alimentos deve ser criteriosa e estrategicamente pensada
Logo após dar sinais de aceitação de alimentos cada vez menos triturados, o bebé está pronto para se alimentar em finger food (pela própria mão). Nesse sentido, aproveitemos estas capacidades do bebé para o deixar explorar os alimentos e saborear cada alimento novo! É um treino de paladares fundamental e sem experiência semelhante quando são oferecidos unicamente purés.
E não esqueçamos: brevemente o bebé faz 12 meses e estará (ou deverá estar) connosco à mesa, aceitando a nossa comida.
Para isso, claro que é imprescindível selecionarmos alimentos saudáveis e variados. Desejamos ou não que o nosso filho goste de uma variedade de alimentos, sobretudo da gama dos saudáveis? Então não podemos apresentar-lhe legumes unicamente sob a forma de sopa! A sopa pressupõe uma mistura de sabores, enquanto que os legumes oferecidos individualmente vão permitir ao bebé explorar cada sabor também de forma individual.
E quem diz que todos temos de seguir uma abordagem exclusivamente em finger food? Nada disso! Por exemplo, podemos perfeitamente oferecer a sopa ao nosso bebé e, de seguida, apresentar-lhe legumes, proteína, frutas em finger food, acompanhando-nos à refeição e aprendendo a gostar desse momento em família.
Foi exatamente isso que fizémos com o João Maria. Primeiro a sopinha (os pais também comem sempre sopinha no início da refeição) e depois foi e é altura de explorar sozinho.
A variedade cá em casa também tem sempre de existir! É por isso que somos tão adeptos e fãs de ementas semanais: toda a rotina semanal é mais fácil de gerir, garantindo variedade na oferta ao nosso filho e a nós próprios!
“Não consigo, tenho medo que se engasgue!”
Errado! A evidência mostra-nos que, se oferecidos ao bebé de forma segura, os alimentos em finger food não causam maior taxa de engasgamento do que se forem oferecidos à colher, pelo cuidador.
Continuam com medo? Falem comigo! O workshop “desengasgamento em bebés: vamos prevenir?” é o apoio que vos falta.
E os alimentos “proibidos”? Agora que o bebé fez 12 meses já posso dar açúcar? E sal?
Tenho uma opinião muito particular a este nível: quanto mais tarde conseguirem oferecer sal e açúcar ao vosso filho, melhor. A OMS é explícita: nunca antes dos 12 meses, idealmente depois dos 24 meses. Pela alteração no paladar que o açúcar confere, pela sobrecarga renal que o sal causa no bebé… Parece-me prudente o irem fazendo com cautela e progressivamente.
Cá em casa o João Maria ainda não sabe o que são alimentos processados (tem agora 16 meses), raramente come alimentos com sal e só provou 2 vezes pão-de-ló. Temos tempo! E ele é feliz!
4. A rotina e o exemplo são fundamentais ao bebé
O grande exemplo do bebé são os seus pais: de que nos vale querer obrigar o bebé a comer a sopa se nós não a comemos? Querer que o bebé coma os legumes, se do nosso prato não fazem parte legumes? Desejar que se deite cedo se não cumprimos rotinas de deitar?
Isto para vos dizer que o vosso filho vai cada vez mais replicar o vosso comportamento. Quanto mais cedo incluírem rotinas de refeição, de higiene, de dormir, mais cedo o bebé as apreende e se habitua, sem stress.
5. Os horários e as rotinas devem ser adaptados ao bebé e não o contrário
Fiquei verdadeiramente feliz com as mamãs do meu instagram! A maioria que me respondeu ao pedido nos stories (que partilhassem comigo a sua experiência com o seu filho após os 12 meses) respondeu-me: “começámos, nós pais, a adaptar horários em função das necessidades do nosso filho”. EXPETACULAR! É isto que se pretende: uma adaptação familiar considerando o máximo interesse do bebé!
E eis que o vosso bebé faz 12 meses: todos aí em casa estão agora habituados a rotinas criadas com tempo e tranquilidade: está o bebé, mas sobretudo estão os pais. E não há melhor sensação do que essa!
Aí em casa o bebé já fez 12 meses e ainda não conseguiram criar rotinas de alimentação? Ainda não conseguem dar da vossa alimentação ao bebé? Falem comigo, prometo ajudar-vos!
Obrigada pelo vosso apoio, uma vez mais. Espero que este artigo (extenso) vos tenha sido muito útil.
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