
Alguém tem a receita da mãe bonita, inteligente, sempre de unhas arranjadas, depilação feita, cabelo pintado, que não perde as suas séries favoritas, tem sempre o jantar pronto a tempo e horas, nunca falha com o marido e ainda tem tempo para brincar com o filho e preparar as sopas da semana? Ufaaaa… Onde está ela?
Ver um teste de gravidez positivo e dar a notícia de uma gravidez aos amigos e familiares marca o início de um sonho mas também de um filme de terror para muitas mulheres que são confrontadas com a obrigatoriedade de serem mães perfeitas:
– “Estás grávida? Nem se nota!”;
– “São gémeos? Tens cá uma barriga!”;
– “Ai que pele tão estragada, aposto que é menina!”;
– “Não devias comer tantos doces, ainda ficas diabética e o bebé também!”;
– “O teu leite não deve ser suficiente, o bebé é tão pequenino!”;
– “Não achas que o teu filho está muito gordo?”;
– “Não quiseste amamentar? Como é possível?”;
– “Está a chorar de novo? Estás a habituá-lo demasiado ao colo!”;
– “Só dorme ao colo? Onde já se viu?! Devia ficar a chorar até adormecer!”;
– “Tens a casa tão desarrumada!”;
– “Ainda não almoçaste? Se não comeres não vais ter leite para o bebé!”;
– “Tanta roupa para passar a ferro! Devias contratar alguém!”;
– “Ainda não foste à esteticista? Tens de conseguir sair de casa e arranjar essas unhas!”;
– “Como ainda tens mais 5kg do que antes de engravidar?”
– …
Como se fosse possível ser uma mãe perfeita!
Quem nunca?
Quem nunca ouviu alguma destas frases? Ditas pela prima, pela sogra, pelo vizinho, pelo pai, por alguém! Um «alguém» que inconscientemente e, muitas vezes sem intenção negativa, não tem noção do efeito que uma afirmação destas tem na mulher. Uma mulher que é mãe, esposa, dona de casa, administrativa, contabilista, enfermeira, farmacêutica e tantas profissões mais.
A sociedade ainda não está preparada para que todos sejamos boas pessoas. Para que todos nos ajudemos, sem ver simplesmente o lado negativo das coisas. Não seria muito mais fácil se cada um de nós dissesse a uma mãe algo que seja positivo nela? Se cada um de nós se aprontasse para ajudar quando necessário?
– “Estás com ar feliz!”;
– “Hoje parece que dormiste melhor!”;
– “Não te preocupes! O teu bebé está a crescer bem, não és pior mãe por não amamentares!”;
– “Ainda não almoçaste? Precisas de ajuda?”;
– “Queres que fique com o bebé um bocadinho para ires cuidar de ti?”;
– “Deixa. A casa pode ficar para trás. O teu bebé não!”.
Não é possível encontrar a receita da mãe perfeita, lamento 🙂 E ainda bem que assim é! Mães perfeitas só existem nas redes sociais e nas telenovelas, onde a ficção é superior à realidade. Já pararam para pensar sobre isso? Como podem as «mães perfeitas» das redes sociais estar tão bem arranjadas todos os dias e ainda ter bebés perfeitos, que comem bem, dormem bem, não fazem birras e não sujam a casa? 😉
Perfeitas já sabemos que não podemos nem conseguimos ser! Mas é possível cada uma de nós fazer por se sentir a melhor mãe do mundo, a melhor mulher que consegue e a esposa mais perfeita possível. Basta que digamos todos os dias, ao amanhecer, em voz alta: Sou a melhor mulher que consigo e a melhor mãe do mundo para o meu filho 🙂
Entre cabelos despenteados, olheiras, pêlos nas pernas, uma camisola e umas calças que se vistam rápido, um banho tomado quando alguém chega para dar um olho no bebé, um almoço às 15h ou um jantar às 23h, tem de haver tempo para olharmos para e por nós. 5 minutos hoje, 10 minutos amanhã. E quem sabe na semana seguinte já consigamos ter 1 hora para ir dar uma caminhada sozinhas ou 30 minutos para um banho relaxante, quando conseguirmos também dividir o nosso bebé com mais alguém, seja o pai, a tia ou a avó.
Há quanto tempo não te olhas verdadeiramente ao espelho? Quando foi a primeira vez, desde o parto, que te maquilhaste? Qual o papel do pai do bebé no vosso dia-a-dia?
Em breve, num novo artigo, falo-vos do papel do pai e de dicas úteis para que seja possível dividirem verdadeiramente tarefas e terem um pouquinho de tempo para vocês 🙂
Aaaaai que até fiquei com comichões ao ler essas frases!! Acho que só não ouvi a frase que inclui “gémeos” porque efetivamente só tive um :joy:! Alguém que salve todas as mães destas pessoas! Não há paciência!
😛 temos é nós de filtrar! Quem nos diz estas coisas não se preocupa conosco decididamente!
A crítica, quer familiar quer social, consegue ser muito dura. Especialmente num momento como este, em que as hormonas naturalmente ainda não estão no seu melhor… Sensibilidade à flor da pele também, assim como a necessidade de mimo e atenção… Sim, porque não é só o bebé que requer e merece mimo… A mãe precisa de atenção, de se sentir amada e valorizada, e não do oposto, como tantas vezes acontece!!
É muito fácil dar palpites, quando não são pedidos, sejam eles provindos de familiares próximos ou de pessoas mais afastadas. Devemos, sim, ter a humildade de aceitar opiniões diferentes, eventuais dicas/conselhos, embora não sejamos obrigados a segui-los! Temos vontade e opinião própria e, como tal, toda a legitimidade para decidir por nós próprios. Ninguém tem que ficar ofendido!! Sejam eles tios, avós, padrinhos, etc… E independentemente da idade, da profissão ou outros fatores….!
Ah e tal, no meu tempo não era nada assim, fazia-se x e y…! Já criei 3 filhos… Ótimo!!! Não tenho que concordar com certos procedimentos nem que me identificar com isto ou aquilo só porque até criou 3 filhos e estão vivos!!! Não há mesmo paciência para esse discurso…
Enfim!
Sim, há momentos e detalhes muito duros nesta experiência da maternidade, dos quais realço opiniões externas não solicitadas e posturas muito aquém da nossa a vários níveis (higiene, cuidados de segurança, educação,…).
Mães perfeitas? Não as há, como nada no mundo!
Cada uma dá o seu melhor, certamente… E podemos sentir nos lindas e maravilhosas, mesmo de rabo de cavalo e de fato de treino tb 🙂 eheh ❤️❤️❤️
Obrigada pelo excelente comentário que tão bem retrata sentimentos e opiniões de tantas mães 🙂 Um grande beijinho
Obrigada por esta partilha ❤️ É mesmo muito importante! Espelha bem a realidade de uma mãe!
❤️