Este foi um dos principais motivos que me / nos levou a adiar a maternidade / paternidade. A responsabilidade de nos tornarmos exemplo na vida de alguém é imensa. E precisámos de sentir que estávamos preparados, por mais que soubessemos que essa altura nunca chegaria a 100%.
Ser mãe e pai é verdadeiramente de muita responsabilidade. Todos o sabemos! Mas a realidade é que essa responsabilidade não existe somente porque precisamos de ter roupa para o bebé, produtos de higiene, berço, sling… Sempre achei que a responsabilidade é, acima de tudo, emocional e educacional.
Passamos mesmo a ser o exemplo na vida de alguém
Alguém que não sabe mamar, tomar banho, rolar, gatinhar, comer, andar, lavar as mãos, decidir o certo e o errado… Alguém que precisa de apoio para aprender TUDO o que existe no mundo!
Já tinham pensado nisso?
Sinto-me constantemente chata convosco nisto, porque em todos os momentos que estou com pais e famílias lhes digo: “vocês são o exemplo, nunca se esqueçam!”. Porque são! O exemplo para pequenas coisas do dia-a-dia que, no meio da rotina nem se lembram que o são:
- O simples facto de lavarmos as mãos sempre que chegamos a casa tem um impacto imenso nos nossos filhos que, desde cedo, se apercebem desse ato e o desejam replicar:
O João Maria entrou na creche com 9 meses. Já vos tinha dito antes. Desde então que sempre fui praticamente eu a ir buscá-lo à escolinha; mesmo que fosse o pai, já tínhamos conversado sobre estes desejos educacionais. Ora, desde sempre que, quando vimos da rua, pai e mãe lavam as mãos; começámos a fazê-lo também ao nosso filho: um de nós pega nele ao colo e lava-lhe as mãos 😛
E claro que, desde o primeiro dia em que chegou a casa da creche que o ensinámos: “quando chegamos da escolinha lavamos sempre as mãos, para tirar todos os bichinhos das mãos”. Ele vai a correr para a casa de banho. Com o inverno, optei por passar a dar-lhe logo banho nessa altura. Evito que tome banho tão tarde e evito deitá-lo para a sesta sem primeiro me certificar que está bem lavadinho 😛 E já se habituou, porque para além do exemplo, está a importância das rotinas.
- Outro exemplo no meio de tantos do nosso dia-a-dia e que influenciam os nossos filhos é a alimentação: Queremos que os nossos filhos comam saudável? Desejamos que gostem de sopa? De legumes? Então temos de comer saudável também! Temos de lhes mostrar que também nós seguimos esse caminho. Eles precisam de ver esses alimentos no prato dos pais, as pessoas que tomam como referência no seu dia-a-dia.
O João Maria sempre comeu sopa à refeição. Fá-lo porque mãe e pai o fazem sempre. Aliás, ele precisa de ver o que têm os nossos pratos 😍 Optámos por introdução alimentar na abordagem mista também por isso, num momento de partilha de refeição com os pais. Isso torna-nos a todos mais felizes.
Acompanho muitos casais na fase de introdução alimentar em sessões personalizadas. Apercebo-me nestes momentos que, em muitas situações de recusa de certos alimentos por parte das crianças isso se deve à falta de exemplo à mesa. Quando se apercebem (depois destas sessões e das dicas transmitidas), os pais procuram a mudança e notam diferenças, claro, na atitude dos pequenos. A verdade é que as crianças precisam de sentir no momento da refeição um momento feliz e prazeroso.
- Podia estar aqui a enumerar-vos onde estão os exemplos do dia-a-dia dos pais que influenciam os seus filhos: desde o levantar ao deitar. Rotinas, hábitos, palavras e gestos: tudo é replicado pelos mais pequenos quando vêem que o seu maior exemplo o faz.
Já tinham, no meio da correria do dia-a-dia, pensado nestes pequenos pormenores?
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