O mundo do bebé é, para os adultos, o mundo mais simples:
- comer e dormir é fácil;
- chorar e ser pegado ao colo ainda melhor;
- ter maminha a toda a hora é um privilégio;
- ter o rabinho sempre lavado e a fralda limpa é vida de lord…
Mas será assim tão simples ser bebé? Ele que esteve aproximadamente 9 meses na barriga da mamã onde estava sem roupa, coberto de líquido quentinho, mais para o final apertadinho no conforto do ventre materno, ouvia o batimento cardíaco da mãe, reconhecia os sons exteriores distorcidos (como se estivesse dentro de uma piscina). E eis que nasce e chega ao mundo exterior…
Um mundo que não sabe que existe. Um mundo onde não sabe que chegou. Afinal de contas, está agora rodeado de luzes e sons diferentes daquilo que estava habituado. E onde estão muitas pessoas que o amam mas que não compreendem que ele precisa de tempo: para se ambientar, para aprender, para conhecer tudo o que cá fora existe!
Já pararam para pensar que o bebé pode não gostar da luz, do som e do ruído que a nós adultos não fazem qualquer diferença?
É verdade. Enquanto que na barriga da mãe estava tão protegido da maioria dos estímulos do mundo exterior, cá fora é agora exposto aos mais variados estímulos:
- Oa papás acordam pela manhã e vão tomar o pequeno-almoço para a sala/cozinha (levam o bebé consigo): a mãe coloca o pão na torradeira, o pai liga a chaleira;
- O pai abre a cortina para entrar claridade;
- A mãe lembra-se que ainda lhe falta beber um café e liga a máquina, que começa a trabalhar;
- Durante o pequeno-almoço, assistem ao programa da manhã, onde o apresentador eleva o tom de voz;
- Noutro momento, o telefone toca: é a avó que pergunta se pode ir visitar o novo ser;
- Toca agora a campaínha: a outra avó resolveu aparecer e entra pela casa para ver o neto recém-nascido;
- O tom de voz desta avó nunca foi baixo: quer contemplar o seu neto (naturalmente);
- Chega a hora de cozinhar o almoço e o pai liga o exaustor. Começa a água a ferver e coloca a massa ao lume;
- Começa o cão a ladrar porque precisa de ir à rua;
- …
- …
Conseguiram perceber todo o estímulo sonoro ao qual está sujeito o recém-nascido?
Já para não vos falar do estímulo luminoso constante, incluindo nas alturas em que o bebé adormece. Afinal de contas, muitos são os papás que consideram que o recém-nascido tem, imediatamente de estar no ambiente dos pais, independentemente de estar a dormir ou acordado…
Ou seja, há muitas famílias que consideram que chegar da maternidade é sinónimo do bebé ter de ser exposto ao ambiente dos adultos, o que se traduz, em relativamente pouco tempo, em stress e ansiedade do bebé e culmina com as famosas cólicas! Sim, o imprevisível culmina, muitas vezes em dor no bebé.
Então o bebé quer estar sempre no escuro e sem som?
Não! Não devemos ser extremistas em nada! Sem dúvida que, quem me conhece sabe que é esse o meu princípio! Mas devemos fazer algo que eu digo recorrentemente nas formações SOSMAMÃ: devemos, não só pensar com a cabeça do bebé mas também colocarmo-nos no lugar do bebé! Ele precisa de se ambientar, de ter tempo de conhecer o que o rodeia (sons, luzes, cheiros, sensações), incluindo todas as pessoas que o amam e querem conhecer.
O bebé precisa de estar, grande parte do seu dia a experienciar as sensações que conhece até então: e até cerca dos 3 meses o bebé não sabe que o mundo exterior existe e que chegou cá fora. Ele precisa permanentemente de toque e cheiro materno! É por isso que defendo tando o babywearing, o colo materno e paterno.
Então é lógico que o bebé precise de estar em ambiente semelhante ao que tinha no ventre materno… Faz-vos sentido?
Os primeiros tempos são obrigatoriamente da mãe e do pai! Percebe-se a presença dos avós para conhecer o neto (uma, duas vezes), mas quem cuida do pequeno são os pais. E todo o ambiente que rodeia o bebé deve ser propício à sua ambientação calma e tranquiila. Dizemos isto para o recém-nascido e, depois, para o bebé!
Mesmo quando está na altura de aprender a sustentar a cabeça, a rolar, a comer novos alimentos, a gatinhar, a andar, a dizer as primeiras palavras: para todos os progressos são precisos adultos pacientes e conscientes de que todo este processo deve ser gradual. E que, em primeiro lugar estará sempre o bebé 😍
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