Natal e passagem de ano é tempo de família. Com ou sem pandemia, muitos de nós procuramos o conforto familiar. Idealmente com os devidos cuidados de prevenção de infeção mas TODOS temos tendência a aliviar o nosso comportamento no que diz respeito ao uso de máscara ou distância de segurança…
Não podemos esquecer que a pandemia continua a ser a nossa realidade! A máscara, o desinfetante e a distância de segurança continuam a fazer parte do nosso dia-a-dia. Mas também continuam a ser uma realidade todas as outras doenças causadas por gotículas e pelo contacto entre pessoas, nomeadamente entre adulto-bebé/criança 👨👩👦👦
O ano passado, pela altura do Natal, o João Maria ainda não tinha 3 meses. Quando me apercebi que estava a chegar o Natal, o meu coração de mãe começou a “tremer”. Toda uma ansiedade por saber que tantas pessoas estariam à volta do meu bebé e, inevitavelmente, lhe quereriam pegar. Afinal de contas era o bebé mais recente da família!
Ser enfermeira não ajuda em muitos casos…
Ainda não existia o Sars-Cov2, mas continuavam (e continuam) a existir muitos vírus característicos desta altura do ano, causadores de graves complicações em bebés pequenos. Essa era e é a minha realidade há uns bons anos. E por isso, senti um aumento do nervosismo nesta altura do ano, muito relacionado com o facto de saber que estaríamos em contacto com mais pessoas na noite e no dia de Natal.
Não sabia explicar: Desde não conseguir dormir bem, doer-me a barriga e até ter diarreia!.. Sempre fui assim quando ficava nervosa em criança. E veio-se a provar que, depois de adulta há coisas que se mantém. Sobretudo quando comprometem “a minha cria” 🧐
Este ano foi diferente. O João Maria tem quase 15 meses. Está um “bebé grande”. A imunidade já é diferente nesta fase e o meu coração de mãe também está mais aliviado com o passar do tempo. Ainda assim, continuam a ser imprescindíveis cuidados de higiene e evicção do risco de contaminação, independentemente da pandemia! A maioria das pessoas não tem noção que os principais vírus desta altura do ano são transmitidos, inconscientemente por adultos a bebés e crianças.
Que relação entre as épocas festivas e a bronquiolite?
Quem fala em épocas festivas, fala em aglomerados de pessoas. E basta pensarmos em juntar mais pessoas do que aquelas que já fazem parte do agregado familiar; mais pessoas do que os elementos habituais do dia-a-dia. Mesmo que só juntemos ao pai, à mãe e ao bebé, os avós ou os tios. Pode ser o suficiente para colocarmos todos em risco, mas sobretudo o bebé!
A pandemia, confesso, causa em mim receio mas ao mesmo tempo alívio de não sermos tantos ao mesmo tempo! Uma vez mais a cabeça de enfermeira a pensar: afinal de contas é pelas gotículas e pelo contacto físico (com fracos cuidados de higiene das mãos) que bebés e crianças pequenas contraem bronquiolite, a grande doença “do inverno” em pediatria.
No artigo «Bronquiolite, a doença do inverno em pediatria: principais sinais e sintomas» explico tudo o que precisam de saber sobre bronquiolite em pediatria. Uma das principais doenças do inverno em pediatria e uma das grandes responsáveis por necessidade de oxigénio complementar em bebés pequenos e mesmo pelo internamento em unidades de cuidados intensivos 😢
Tinham esta noção? Que a tosse, o ranho ou o espirro podem não ter impacto no adulto mas serem gerador de graves complicações em bebés e crianças até cerca dos 2 anos (sobretudo)?
Então talvez faça sentido mantermos, no dia-a-dia pós-pandemia, alguns dos cuidados a que a pandemia nos veio a obrigar:
10 CUIDADOS IMPRESCINDÍVEIS PARA EVITAR O CONTÁGIO de bebés e crianças pequenas
NÃO VISITAR recém-nascidos (todos os familiares e amigos vão poder conhecer o mais recente bebé por videochamada numa fase inicial e, quando este for um pouco maior, fazer então a visita alternadamente e com segurança);
Se for um familiar muito próximo e mantiver visita ao recém-nascido (os avós, por exemplo), fazê-lo com segurança: MANTER DISTÂNCIA de 1,5m e DESINFETAR AS MÃOS (se possível utilizar máscara, SOBRETUDO SE TIVER DE SE APROXIMAR DO BEBÉ);
HIGIENIZAR frequentemente as mãos nos vários momentos imprescindíveis (antes e após ida ao WC, antes e após o contacto com o nariz, a boca ou secreções nasais/orais, antes e após tossir, espirrar ou se assoar, antes e após o contacto com superfícies, antes e após o contacto com animais);
NÃO MEXER NAS MÃOS DO BEBÉ (sobretudo se as mãos do adulto não estiverem higienizadas), local do corpo privilegiado para o pequeno levar à boca;
NÃO LIMPAR A BOCA OU AS MÃOS DO BEBÉ com lenços do adulto;
EVITAR PEGAR no bebé sem ser estritamente necessário (o bebé precisa do colo dos papás, sendo evitável qualquer outro contacto com alguém que não os pais);
EVITAR o contacto com bebés e crianças pequenas, quando o adulto está doente e/ou tem sintomas respiratórios (mesmo que unicamente tosse, espirros ou ranho);
Tossir ou espirrar PARA O ANTEBRAÇO e higienizar SEMPRE as mãos posteriormente;
TER MUITO CUIDADO ao tocar em superfícies, estruturas ou brinquedos do bebé, sobretudo sem higienizar adequadamente as mãos previamente (os vírus respiratórios permanecem em superífies e brinquedos cerca de 12h);
Não esquecer nunca que não acontece unicamente aos outros e que as doenças respiratórias, sendo em grande percentagem transmitidas a bebés e crianças por adultos, são perfeitamente preveníveis!
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