A bronquiolite é uma infeção respiratória aguda viral, um dos principais diagnósticos em pediatria no inverno. No meio dos pais, dos irmãos, dos tios ou dos avós, há geralmente alguém que tem um pouco de tosse ou ranho e, claro, a tendência é desvalorizar. E não estamos de todo errados ou qualquer pessoa com o mínimo sinal de tosse e corrimento nasal correria para os serviços de urgência dos nossos hospitais. Contudo, quando falamos da população pediátrica, o cuidado deve ser outro.
O principal meio de transmissão do vírus é pelas secreções nasais infetadas, presentes em adultos e crianças mais velhas, os quais apresentam, habitualmente, sintomas ligeiros. Contudo, quando atinge bebés e crianças mais pequenas, o vírus pode originar uma série de sintomas graves cujo fim é muitas vezes o internamento com necessidade de oxigénio complementar:
– habitualmente começam com sintomas ligeiros como obstrução nasal (nariz entupido) com ou sem rinorreia (corrimento nasal);
– tosse (habitualmente seca de agravamento progressivo – pode desencadear vómitos);
– respiração acelerada com utilização dos músculos acessórios da respiração (as conhecidas covinhas na barriga);
– progressivo cansaço nas mamadas com diminuição ou recusa alimentar;
– diminuição da quantidade de urina.
Atenção mães e pais, estes três últimos sintomas (juntos ou independentes) são critério para ida ao serviço de URGÊNCIA HOSPITALAR!
São pois essenciais medidas que vos permitam a vós, pais, controlar os sintomas em casa e evitar agravamento do estado geral do vosso filho. Consultem o artigo «Bronquiolite. Como agir?».
A nossa experiência pessoal…
No nosso caso tudo começou com uma inocente visita de um casal amigo para conhecerem o nosso filho. Casal este que trazia o seu filho de 18 meses que vinha com um pouco de ranho e tosse seca.
Sim… Estava eu a adivinhar que este belo vírus me tinha entrado pela porta de casa naquele instante 🙁 (maldita experiência profissional que não me deixa esquecer o conhecimento destas coisas). Não houve contacto entre as crianças pois o meu bebé estava a dormir na alcofa, contudo, o filho dos nossos amigos brincou com várias coisas do João Maria que, inevitavelmente, fizeram com que o meu filho contraísse o vírus. O principal vírus responsável pela bronquiolite (virus sincicial respiratório) permanece em superfícies e brinquedos cerca de 12 a 24h, tempo suficiente para que a contaminação se propague.
No dia seguinte o João Maria começou com o nariz entupido e um pouco de tosse seca; passados dois dias começou o cansaço nas mamadas, mas nada que habitualmente eu não estivesse habituada, pelo que fui controlando os sintomas em casa.
O problema foi ao 5º dia de doença (aquele em que o vírus está no seu pico, sendo habitualmente o pior dia do desenvolvimento da doença). O bebé recusou mamar e perante praticamente 8h sem aceitar a mama, por todos os riscos associados à recusa alimentar num bebé tão pequeno (consultar artigo referente à desidratação no bebé), tivemos de o levar à urgência hospitalar. Foi aqui que foram necessárias uma série de medidas que permitiram que o nosso filho melhorasse e voltasse a aceitar mamar.
Mas no fim de tudo caiu-me a ficha!… Foi o primeiro grande contacto que tive enquanto mãe com a doença no meu filho. Com a necessidade de o levar à urgência de pediatria, o meu local de trabalho, o sítio onde todos os dias vejo bebés e crianças doentes, cuido delas e ajudo mães e pais. Mas desta vez o bebé era o meu filho, desta vez a mãe era eu… Eu naquele papel de mãe frágil, mas a fazer-me de forte para que o meu filho fosse invadido pelos meus poderes de “super mãe” e ficasse melhor. Posso admitir que só alí, naquele instante, me apercebi que até então, nestes 9 anos de experiência profissional, nunca consegui colocar-me verdadeiramente no lugar do outro…
Olá olá bom não sei com quantos meses o João apanhou a bronquiolite, mas tive um episódio exactamente igual quando o meu Bernardo tinha 4 meses.. Apesar de não ter a tua experiência profissional, pensei cá para mim.. “isto se calhar não é muito bom, mas… Olha vamos ver” é assim foi.. Passados 2/3 dias lá veio o ranho com força, e alguma recusa na alimentação.. Não segui directo as urgências mas fui à clínica onde trabalha o nosso pediatra, e emediatamente, veio logo com uma série de medicação…
Penso que só quando somos efetivamente mães conseguimos entender quem já foi mãe a mais tempo é aí sim, damos o devido valor (isto sem estar a colocar em causa o teu grande profissionalismo, longe disso, apenas o sentimento de mãe leoa se manifesta )
Um grande beijinho