Esta imagem diz tudo. Tarde de 7 de Julho (João Maria com 9 meses): depois de vir do berçário e de brincar muito com a mamã, o João Maria iniciou os típicos sinais de sono (expliquei-vos a importância destes sinais no artigo «mamã quero dormir! Dicas úteis para ter sucesso nas sestas do bebé»). Coloquei-o, como já é hábito desde os 5 meses, no berço com o seu boneco de dormir e a chucha. Dei muitos beijinhos e saí do quarto.
Quem diz que ficou?
Habitualmente o João Maria adormecia em menos de 2 minutos. Surpreendentemente, desta vez, começou a chorar compulsivamente assim que saí do quarto. Já vos tinha explicado que não consigo nem sou a favor de deixarmos os bebés a chorar. De tal forma que voltei para junto dele e dei-lhe miminho (sem o tirar do berço, a não ser que não o conseguisse acalmar). Saí de novo do quarto e, igualmente, voltou ele a mostrar sinais de desconsolo. Regressei para junto dele e voltou a acalmar-se unicamente dando-me a mão. Assim ficámos, até adormecer.
No dia seguinte, no momento em que o deitei para a sesta da tarde, repetiu a proeza e, de novo, à noite na hora de ir dormir. Percebi, claramente, que estávamos a iniciar uma das típicas crises dos 9 meses, que em muitos bebés tende a antecipar-se e a mostrar sinais por volta dos 6-7 meses (noutros até tende a repetir-se mais adiante e estende-se até cerca dos 2 anos): a ansiedade da separação.
Depois de entrar no berçário (cerca de 1 semana antes deste episódio), apesar de ficar sempre muito bem quando o deixávamos, passou a pedir muito mais maminha, conforto materno e brincadeira com a mãe, sobretudo. Ou seja, notei claramente que a entrada no berçário ajudou a despoletar esta crise, sem dúvida alguma. Contudo, se não fosse para o berçário, teria sempre de ficar com alguém, uma vez que, infelizmente, a mãe ainda não é rica para ficar com ele permanentemente em casa 💁
Também eu como mãe me senti nesses dias mais ansiosa, menos tolerante a pequenas coisas do dia-a-dia, com uma saudade parva, que nem sei explicar! E, mesmo sabendo que o meu bebé fica lindamente no berçário, fico sempre com imensa vontade de o ir buscar 😍 Sei, claro, que não posso passar esta ansiedade para o João Maria, se bem que os bebés entendem claramente o que se passa com as mães. É importante, pois, procurarmos ao máximo a tranquilidade nestas alturas, ajudando os nossos filhos a ultrapassar esta fase da sua vida.
E depois passou?
Já tinha lido muito sobre esta fase é um facto, o que ajudou a definir a nossa estratégia. Mas sem dúvida que estar no lugar é completamente diferente. Em baixo explico-vos como foi a nossa intervenção, mas posso dizer-vos que sim, passou. Levou o seu tempo, claro. Mas sem dramas e sem stress conseguimos que o nosso bebé ficasse seguro. O mais importante a meu ver: o bebé sentir segurança.
Estas crises não são mais do que verdadeiras preparações para o ganho de independência no nosso filho. E essa independência é necessária! Eles crescem, é mesmo verdade 😢
Características e sinais da ansiedade da separação
Que características?
- Quando surge por volta do 6º-8º mês, habitualmente é a altura em que o bebé percebe que ele e a sua mãe são seres independentes (começa mesmo a perceber o que é a saudade);
- O bebé tem medo de perder os pais;
- Cada minuto ausente da mãe e/ou do pai representam muito tempo para o bebé;
- Não sabendo quanto tempo a mãe estará ausente, para o bebé fica a ideia que a mãe não volta.
Que sinais no bebé?
- O choro ao perceber que o pai e/ou a mãe vão sair de junto de si. Começa a ver os sinais dos pais e a perceber que vai haver brevemente uma separação, angustiando-se.
- O bebé pede mais consolo, mais colo e mais mimo. De facto, como muitas mães relatam, estando sob aleitamento materno, têm tendência a pedir mais maminha e conforto materno 🙂
- Se já brincava sozinho com determinados brinquedos, pode agora passar a desejar sempre companhia para as brincadeiras, parecendo incapaz de se ocupar sozinho;
- Os sonos podem ser inconstantes, pode acordar a gritar ou acordar muito cedo;
- Pode chorar quando a mãe / os pais se ausentam.
Quantas vezes o nosso filho nos deu estes sinais e não pensámos que podia ser uma crise de ansiedade da separação?
Como lidar? 5 DICAS QUE AJUDAM PAIS E BEBÉS
- Primeiramente: DIZER SEMPRE A VERDADE! E, principalmente, agir com naturalidade, a fim de facilitar a passagem desta fase na vida do bebé;
- EXPLICAR AO BEBÉ: “O PAI / A MÃE VAI VOLTAR” com naturalidade, é das coisas mais importantes a serem ditas nesta fase; Em contrapartida, SAIR SEM AVISAR pode ser muito mais angustiante para o bebé e atrasar a duração desta fase. Percebendo que é natural a separação dos pais por minutos ou horas é mais saudável para o bebé, que começa a formar a sua própria identidade;
- NÃO DESISTIR, SER TRANQUILO E SEGURO de deixar o bebé aos cuidados de outra pessoa, uma vez que essa fase é necessária e é preciso, sobretudom ajudar o bebé no desenvolvimento da sua independência;
- BRINCAR, BRINCAR, BRINCAR MUITO com o bebé. Dedicar momentos específicos para as brincadeiras. E nos momentos em que precise de suspender a brincadeira por algum motivo, dizer sempre que vai regressar (isso ajuda o bebé a perceber que a mãe vai mas volta para junto de si);
- TER ROTINAS AO DEITAR é fundamental (como vos expliquei no artigo «importância das rotinas no sono noturno do bebé»), planear turnos entre a mãe e o pai e deitarem-se à hora que o bebé adormece, nestas noites difíceis em que o bebé desperta mais, é o que pode ajudar o casal a manter o descanso necessário.
Ou seja, temos, realmente, de deixar os nossos filhos “voar”. Por mais que nos custe que eles deixem de ser os nossos bebés pequeninos que estão permanentemente sob a nossa alçada.
Faz-vos sentido? Como têm lidado com esta crise dos pequenos?
Aqui foi tal e qual mas percebemos logo que era a tal “crise dos 9” que na realidade começou aos 8 e só parece ter terminado há 1 semana, com quase 11 meses. Antecipou a entrada na creche e o regresso da mãe ao trabalho. Manifestou se pela regressão do sono. Sempre adormeceu sozinho desde o 1o dia e começou a custar-lhe e chorava sempre que o deitavamos. Já dormia até de madrugada e voltou a mamar todas as 3h, em ponto! Foram noites difíceis, de.muito consolo e paciência mas como disse e bem, passa…pelo menos estamos a rezar para que tenha mesmo passado 😉
Olá Sonia, muito muito grata pelo seu comentário! Pois é, lamento informar que vão continuar as crises de ansiedade 😀
Um enorme beijinho e otima continuação de muitos miminhos e amor <3