Vem o outono e o inverno e com estas estações os tradicionais sintomas respiratórios: tosse, expetoração, congestionamento ou obstrução nasal (nariz entupido) e rinorreia (ranho). Rara é a criança que passa o inverno sem um destes sintomas.
Tosse, expetoração, obstrução nasal (nariz entupido), rinorreia (ranho): como lidar?
Primeiramente vos refiro que os cuidados apresentados neste artigo fazem verdadeiramente a diferença num bebé/criança com os sintomas respiratórios mencionados. Quando não temos em conta estes procedimentos, mais rapidamente os níveis de oxigénio do bebé/criança diminuem e são recrutados os músculos acessórios da respiração. Desencadeiam-se, pois, sinais de dificuldade respiratória.
Entendamos, primeiramente, que:
O que desejamos com os cuidados que se seguem é evitar a instalação de sinais de dificuldade respiratória no bebé e na criança, nomeadamente: aceleração da respiração (com noção de cansaço) e utilização dos músculos acessórios (as conhecidas covinhas).
Vamos perceber, em vídeo, os sinais de dificuldade respiratória abordados:
QUE CUIDADOS PREVENTIVOS? Onde podemos nós, cuidadores, fazer a diferença?
Com cuidados tão simples, podemos sem dúvida fazer a diferença!
1. LAVAGEM NASAL
Nesta altura do ano, este DEVE ser um procedimento a executar 1 a 2x ao dia, num bebé/criança saudável. Quando temos um bebé/criança com congestionamento nasal e/ou rinorreia (ranho), a lavagem nasal deve ser feita várias vezes ao dia (entre 3 e 6 vezes). Privilegiar esta técnica antes da alimentação e do deitar.
Lavar eficazmente o nariz com soro fisiológico 0,9% pode ser a chave para evitarmos maior cansaço no nosso filho, que passa a respirar livremente.
Para muitos papás, sobretudo quando falamos de bebés mais pequenos, há mais segurança com a técnica de lavagem nasal com o bebé deitado. Nesta posição, o adequado a fazer é:
Contudo, tenho de vos referir esta técnica maravilhosa com o bebé sentado, segura e testada a partir do 2º mês de vida. Em crianças maiores, depois de uns dias, habituam-se e acabam mesmo por colaborar na técnica:
Como curiosidade, deixo-vos as indicações do Dr. Gonçalo Trafaria, de volume de soro por narina:
- 0-2 meses: 3ml a 5ml;
- 2-6 meses: 10ml a 15ml;
- 6-12 meses: 15ml;
- 12-24 meses: 20ml;
- » 24 meses: 20 a 40ml.
2. ELEVAÇÃO DA CABECEIRA DA CAMA («30º)
Atendendo ao risco do bebé deslizar para baixo da roupa da cama. Essencial garantir que o bebé/criança tem a roupa pelas axilas ou dorme num saco de dormir (medidas preventivas da morte súbita: ver artigo «morte súbita: vamos prevenir?»;
3. EM BEBÉS SOB ALEITAMENTO ARTIFICIAL EXCLUSIVO
Reduzir a quantidade de leite a oferecer ao bebé, aumentando a frequência das mamadas. Qual o sentido? Neste momento precisamos de espaço para a expansão pulmonar; garantindo que o estômago não fica tão cheio e distendido, toda a função pulmonar é mais eficaz. Num bebé com sintomas respiratórios e com risco de desenvolver um quadro de dificuldade respiratória (ou mesmo no bebé já com quadro de dificuldade respiratória instalado), o ideal é não ultrapassar os 100 a 120ml de leite artificial por kg de peso, o que deve ser dividido pelas 8 refeições do dia (nas 24h):
Imaginemos um bebé com 7kg e que habitualmente bebe 160-180ml de leite artificial. Se congestionamento nasal, com eventual rinorreia, com ou sem tosse, não deve ultrapassar os 90-110ml de leite artificial (120×7:8 = 105). Mesmo que tenhamos de encurtar os horários da oferta de leite ao bebé.
Em bebés que já iniciaram a alimentação complementar, fazemos de igual forma: reduzimos ligeiramente a oferta de sopa, alimentos sólidos e fruta; o mesmo se passa com o leite ou com as papas: reduzimos a quantidade habitual a oferecer, garantindo que o bebé não fica com o estômago tão cheio.
EM BEBÉS SOB ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO
EM BEBÉS SOB ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO: Procurar aumentar a frequência das mamadas, encurtando o horário das mesmas. Se verificado cansaço extra na mamada, deve ser contactado profissional de saúde de referência ou linha S24, podendo ser necessária observação clínica.
Bebés que já iniciaram diversificação alimentar, o procedimento é igual ao de bebés sob aleitamento artificial: reduzir a quantidade de alimentos oferecidos habitualmente ao bebé, é a prioridade de momento.
4. PROMOVER A ELIMINAÇÃO INTESTINAL
Assim como na oferta alimentar, em que nunca queremos um estômago muito distendido, o mesmo se passa com a questão intestinal. Dessa forma, torna-se importante garantir que o bebé evacua regularmente nesta fase.
Quando me devo preocupar?
O bebé apresenta um ou mais dos sinais ou sintomas:
- Sinais de dificuldade respiratória: utilização dos musculos acessórios da respiração (em vídeos acima), respiração rápida/acelerada);
- Cansaço fácil a pequenos/médios esforços;
- Cansaço nas mamadas com progressiva recusa alimentar;
- Diminuição do apetite (não me refiro a seletividade – se o bebé seleciona o que comer, mas come, tudo bem! A preocupação existe quando o bebé recusa realmente toda a alimentação e líquidos oferecidos por 2 a 3 refeições seguidas);
- Diminuição do débito urinário (menos urina, menos fraldas cheias, notoriamente o bebé urinou menos);
- Cianose (Pele ou lábios e/ou unhas arroxeadas);
- Palidez acentuada, com olheiras e eventual lingua branca (já temos sinais de desidratação instalados);
- Prostração ou sonolência aumentada (sem ser em horário das sestas).
Na presença de um ou mais sintomas dos supramencionados, ligar S24 / 112 e seguir orientações.
O que acharam deste artigo? Fez-vos sentido? Deixem em comentário as vossas questões 😍
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