Amamentação e introdução alimentar: Fará sentido? Como conciliar?

Prometi-vos este artigo e faz-me todo o sentido falar-vos um pouco deste tema que para mim é tão especial. Além disso, considero que faz sentido desmistificar algumas questões que têm vindo a surgir por aí 😛

Antes de mais dizer-vos que não sou extremista em nada. Igualmente no que concerne à amamentação. Sou muito apologista, sim. Amo amamentar, sim. Nunca pensei tanto 😍 Mas consigo perfeitamente colorar-me no lugar da mulher que não aguenta a subida do leite ou as gretas nos mamilos; consigo entender também quem, à priori opta por não amamentar. Por não ter esse desejo, ou por qualquer outro motivo.

Uma vez mais vos digo: somos todos seres especiais e únicos no mundo. As nossas decisões são também resultado de um conjunto de fatores e cada qual sabe dos seus. Quando me questionam a minha opinião enquanto profissional de saúde digo exatamente isto: o meu papel é o de informar, fornecer conhecimento, dar as ferramentas necessárias para que a mulher / o casal decisam em consciência. Seja qual for a decisão.

Posto isto, o tema deste artigo vem muito ao encontro de várias questões vossas, sobretudo das mamãs. Ao mesmo tempo que vos partilho a nossa experiência, vou respondendo às questões por vós colocadas até então:

Como garantir que consigo amamentar até mais tarde?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) não define um teto máximo para a amamentação. Aconselha amamentação exclusiva até aos 6 meses de idade e, se possível, em concomitância com alimentação complementar até aos 2 anos (pelo menos), com inúmeros benefícios para o bebé e para a mãe. São mesmo muitas as vantagens. É aquele leite que é produzido por cada mãe, de forma única e conforme as necessidades do seu filho, ao longo do seu crescimento e desenvolvimento.

O meu grande desejo era amamentar pelo menos até aos 12 meses do meu bebé. Agora que essa meta chegou, não tenho dúvidas que desejo manter. Desejo eu e deseja ele. Ambos nos sentimos felizes assim e enquanto assim for, vamos manter este ritual único 💖

Em todo o processo de amamentação a hormona do amor (ocitocina) é a grande responsável de tudo correr bem. É esta hormona que queremos “em altas” para que haja sucesso garantido na amamentação 🤱🏼Que fatores contribuem para este sucesso?

  • Amamentar em horário livre / livre demanda – sempre o fiz com o João Maria até iniciar a introdução alimentar. Posteriormente, também não olhando para o relógio quando ele pede maminha, ele próprio começou a perceber uma determinada rotina relacionada com os horários do dia-a-dia, passando a mamar 3 a 4 vezes ao dia desde cerca dos 7 meses (habitualmente pela manhã, ao vir da creche, ao acordar da sesta da tarde e antes de dormir);
  • Não pensar em horários rígidos – ainda assim, procurei sempre não dar leite materno ao João Maria logo após as refeições principais, algo que rapidamente entendeu;
  • Usar e abusar muito de pele a pele – em tantos momentos isso é possível. Já experimentaram um banho de chuveiro a dois? 😍;
  • Passar muitos momentos do dia a dar colinho ao bebé e a namorá-lo – olhar para o nosso bebé, agradecer continuamente, brincar com ele, dar-lhe miminhos;
  • Acreditar nas potencialidades do seu leite – cada mãe produz o melhor leite possível para o seu bebé, aquele que lhe faz falta;
  • Manter-se o mais tranquila possível – não sendo fácil na correria do dia-a-dia, é fulcral procurar um equilíbrio mental;
  • Descansar muitoooooo – difícil para uma mãe, mas tenta-se 😅;
  • Alimentar-se bem, na base de uma alimentação diversificada – sem restrições, mas mantendo equilíbrio alimentar;
  • Beber muita água, pelo menos 2l/dia.

É verdade que o leite materno é unicamente um “cocktail” após a introdução alimentar, devendo ser substituído por leite artificial após essa altura?

Não, de todo! Deixar de amamentar por pensar que o leite materno já não tem importância para o bebé após a introdução alimentar é um erro enorme. O leite materno mantém-se a principal fonte proteica do bebé, mesmo após a introdução alimentar, conferindo-lhe imunidade contra muitas doenças.

Está provado que quanto mais tempo de amamentação, maior a resistência do bebé/criança às infeções, mais rápida a sua recuperação quando em situação de doença e menor o risco de desenvolver doenças a médio/longo prazo, como é o caso de diabetes mellitus tipo 1 e da obesidade.

Vou perder o leite por começar a introdução de outros alimentos ao bebé? Já que pelo menos uma refeição deixa de ser leite materno…

Esta é a grande questão de muitas mamãs… E eu respondo-vos com máxima certeza: Não! Não perdem leite por esse motivo. Nem de um dia para o outro. À medida que se dá a introdução de novos alimentos, pelo menos uma refeição é substituída por sopa / papa; refeição essa que deixa de ser leite materno (inicialmente pode ser como complemento, mas chegará a altura em que o leite materno não fará parte dessa refeição).

Ou seja, o organismo “aprende” que não é necessária aquela produção aumentada de leite, ajustando as quantidades às necessidades do bebé. É por este motivo que desde cerca dos 7 meses dou leite materno unicamente 3 a 4 vezes ao dia ao João Maria e não perdi o leite. Claro que todos os outros fatores que vos enumerei em cima contribuem para o sucesso da amamentação, mas a manutenção de uma determinada rotina, aliada ao facto de acreditar perfeitamente no meu leite e nos seus benefícios para o meu bebé, são fatores muito importantes neste processo.

A amamentação passou a ser parte do nosso dia-a-dia. Um momento especial, que nos une, que é vivido unicamente por mãe e filho e que se torna especial para os dois.

Finalizando, se estás desse lado e não conseguiste ou não pudeste amamentar, acredita que tens tantas possibilidades de usufruir de momentos únicos com o teu bebé! Pratica muito babywearing, muito colinho e conforto, banho de chuveiro a dois, brincadeiras e tempo de qualidade. Nada melhor do que seres e sentires o teu bebé junto a ti. Independentemente do aleitamento, o importante é o amor que é transmitido! 😘

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