Queda no bebé. O que fazer? Que sinais de alarme?

No dia-a-dia como pais, o que mais desejamos é o bem do nosso filho. Ficamos nervosos só de pensar que algo pode acontecer àquele ser tão amado e dependente de nós.

Já vos tinha dito no artigo «Prevenção de acidentes na infância – quedas: 10 dicas úteis», as quedas representam cerca de 4% das mortes em pediatria em Portugal, podendo ser evitadas se seguirmos as dicas que estão neste artigo. Ainda assim, acidentes acontecem mesmo àqueles que consideram ter “tudo controlado”. O melhor é mesmo prevenir 🙂

O João Maria, como vos expliquei no artigo «Está na altura de ires para o teu quarto, filho. O bebé está a crescer!», já dorme no seu quarto desde os 5 meses e pouco. Pela manhã, ao acordar, já sabe que algum de nós o vai buscar para o miminho entre os papás. Começa alí o nosso dia de brincadeira, com muito carinho à mistura 🙂 Vestimo-lo na nossa cama e depois sentamo-lo no chão a brincar enquanto nos arranjamos, porque já nos assustou com o rebolar, quase que caindo daquela altura de cerca de 40cm.

Compreendo, claro, a situação da mamã Rita. Dela e de tantos outros pais que não conseguiram evitar este desfecho. Não porque são maus pais (nada disso!) mas porque os acidentes acontecem quando menos esperamos:

O bebé R, todas as manhãs vai um bocadinho à cama dos papás. Aquele momento único a três que não tem definição possível 🙂 A mamã Rita referiu-me que nem teve tempo de pensar: “ouvi um estrondo e quando olhei ele já estava no chão”. O bebé R apresentava, nesse momento, ferimento nasal e um hematoma na testa; estava choroso, com notória dor. Depois do susto e de se certificar que o bebé estava estabilizado, a mamã Rita veio em busca de conselhos SOSMAMA.

Disse a esta mamã o que digo a cada um de vós que se dirige a mim com este tipo de questões: sem avaliar o bebé não posso, nunca, dizer-vos para irem ou não irem à urgência hospitalar. Limito-me, claro, a dar as INDICAÇÕES habituais recomendadas e a referir os SINAIS DE ALARME a que deverão estar particularmente atentos. Felizmente, tudo acabou bem, o bebé R comeu, dormiu, não vomitou e ficou mais calmo com a analgesia que a mamã lhe deu 🙂

Na dúvida, depois de um acidente destes, contactem Linha S24 ou 112 e sigam as orientações dos profissionais de saúde que triam telefónicamente a criança.

Que cuidados ter com o bebé depois de uma queda?

  • Vigiar sinais de alarme (explicados abaixo);
  • Perceber as zonas do corpo afetadas (a cabeça? um braço? uma perna?) – se o cuidador observou a queda mais facilmente identifica os possíveis pontos de embate;
  • Observar o estado do bebé:
    • tem hematoma ou inchaço? – aplicar gelo;
    • o hematoma é no lábio ou próximo deste e o bebé não está a aceitar gelo? Dar gelado de leite materno (se tiver), que alivia a dor, diminui o inchaço e permite verificar tolerância alimentar;
    • está choroso, aparenta dor?dar analgesia (consultar artigo «analgésicos e antipiréticos em pediatria»);
  • Fazer 30 minutos de pausa após a queda e iniciar, fracionadamente, soro de rehidratação oral ou chá sem cafeína açúcarado (1 colher de 5 em 5 minutos);
  • Se o bebé não vomita, deixar descansar. Se tem fome alimentar sem forçar;
  • Se o bebé tem sono e está na altura de dormir uma sesta, deixar dormir;
  • Manter vigilância do estado geral do bebé e de sinais de alarme por 48h.

Que sinais de alarme?

Basta 1 para ser critério para ida à urgência hospitalar

  1. Vómitos persistentes;
  2. Sonolência excessiva (sem ser em altura de sesta);
  3. Alteração do estado de consciência;
  4. Convulsão;
  5. Cefaleias (dor de cabeça) intensas que aumentam, na vez de diminuirem progressivamente;
  6. Ferida aberta com ou sem sangramento;
  7. Dor que não alivia com analgesia;
  8. Alterações na sensibilidade dos membros (não mexe bem as mãos ou os pés; não sente bem as mãos ou os pés).

Na dúvida, depois de um acidente destes, contactem Linha S24 ou 112 e sigam as orientações dos profissionais de saúde que triam telefónicamente a criança.

Baseado nas orientações técnicas da DGS (2004) e nas recomendações da APSI (Associação para a Promoção da Segurança Infantil)

E convosco, têm havido sustos por aí? Como têm sido as vossas experiências?

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4 Comments

  1. Lili

    o bebe b pregou nos um susto valente .com 36 meses ja sabe andar bem subir e descer escadas . mas um dia la se lembrou de mandar um pulo do primeiro degrau para o segundo . e la foi ele . 14 degraus a rebolar escadas a baixo : :pensive: um susto que nao da para esquecer . por milagre e depois de o observar bem nem um arranhao nem um ematoma nem sistomas de sonolencia nem vomitos . . 48 horas seguintes sempre vigilantes . criancas sao mesmo assim . vira se a cara um segundo para o lado e la vao eles .

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    • Enf Andreia

      Que grande susto Liliana!! Obrigada pela partilha 🙂 As crianças são verdadeiramente um perigo. Um enorme beijinho

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  2. Ana Margarida Martins

    Também já passámos por isto… Foi no domingo passado. A M caiu do sofá. O mano é que estava com ela. O mano tem 10 anos. Ficou em pânico! Ela chorou do susto e ficou calma. Ele ficou em pânico. Eu por descargo de consciência fui às urgências para ela ser avaliada. Felizmente estava tudo bem como eu suspeitava foi só vigiar as próximas 24h/48h. A caminho do hospital ia mais preocupada com ele do que com ela. Lá o consegui trazer para a “realidade” e consegui acalmar. Mas ele só acalmou realmente quando chegamos e viu que estava tudo bem com a mana. Eu como mãe senti-me culpa. Tanto por o ter deixado a tua ar conta da mana como a ter deixado no sofá e não no chão… Mas aprendi a lição…

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    • Enf Andreia

      Olá Ana. Obrigada pela excelente partilha. Não se sinta culpada. Acidentes são isso mesmo: acidentes. Nenhum pai ou mãe deseja estas coisas aos filhos 🙂 Um enorme beijinho e obrigada por estar desse lado!

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