O planeamento de uma gravidez envolve cuidados importantes e que não devemos descurar. São eles que permitem minimizar complicações para a mulher e para o bebé. Porém, os dados nacionais mostram que ainda há muitos casais a descurar este acompanhamento pré e durante a gravidez:
Ainda assistimos, em pleno século XXI gravidezes não vigiadas ou tardiamente vigiadas, aliadas a comportamentos de risco que comprometem o feto 😒
Acima de tudo, planear com segurança é a chave para a redução das taxas de mortalidade e morbilidade materna, neonatal e infantil. Só este acompanhamento pode auxiliar o casal nas melhores decisões e prevenir complicações.
Que cuidados pré-concecionais o casal deve ter em consideração?
Uma relação de confiança…
A confiança é a chave! Um casal só se sentirá seguro ao longo da gravidez, se junto dele tiver uma equipa de saúde em quem confie! Seja este acompanhamento público, privado ou misto.
Nem toda a população tem capacidade económica para um seguimento da gravidez no privado, mesmo com seguro. Por outro lado, sabemos também que os centros de saúde têm profissionais perfeitamente capacitados para a vigilância adequada da gravidez de baixo risco, articulando eficazmente com as maternidades.
De igual modo, as situações consideradas de risco são acompanhadas com o apoio de profissionais específicos, alocados a hospitais diferenciados, referenciação essa que é feita pelo médico de família e/ou pelo ginecologista.
Independentemente da decisão, a escolha deve transmitir segurança ao casal ao longo da gravidez. Saber, à partida, quem será o profissional /profissionais que vão seguir a gravidez é fundamental: são estas as pessoas a quem confiamos toda a vigilância da gravidez, com quem partilhamos medos, dúvidas e vivências.
Não esquecer: na dúvida, deve-se recorrer ao médico e/ou enfermeiro que acompanha a gravidez e não à vizinha ou à amiga que engravidou há pouco tempo!
As experiências dos amigos são muito boas mas não nos podemos esquecer que cada casal é um casal, cada mulher é uma mulher, cada gravidez é uma gravidez.
Assim sendo…
Depois de decidido o local e os profissionais que farão o seguimento da gravidez e marcada a consulta pré-concecional, inicia-se a preparação da conceção, onde vários cuidados devem ser tidos em consideração pelo profissional de saúde e pelo casal (consultar link):
- História do casal e respetiva família, fatores de risco social e familiar;
- Parâmetros físicos da mulher;
- Marcação de análises e exames, de acordo com a observação e decisão clínica;
- Rastreio do cancro do cólo do útero (se não foi efetuado nos últimos 3 anos);
- Verificação da atualização do plano nacional de vacinação;
- Avaliação do possível consumo de substâncias;
- Suplementação com ácido fólico e com iodo (preferencialmente pré-conceção).
Até resultado dos exames efetuados, o método contracetivo deve ser mantido, para segurança da mulher e do novo ser.

Suplementação de ácido fólico: porquê?
A suplementação com ácido fólico ainda antes da gravidez é uma medida fundamental na redução do risco do bebé desenvolver defeito no tubo neural, promovendo a maturação do sistema nervoso do feto e o seu adequado desenvolvimento. Previne malformações congénitas e defeitos do tubo neural, como espinha bífida, anencefalia e meningocelo
Até às 12 semanas de gravidez
- Deve ser iniciado o mais brevemente possível, assim que o casal expresse desejo de engravidar e até às 12 semanas de gravidez.
- A dose ideal são os 400ug/dia; grávidas com história familiar de defeito do tubo neural devem iniciar com dose aumentada de ácido fólico (5mg/dia). Estes são pormenores a serem analisados pelo médico que segue cada mulher.
Porque se torna importante a suplementação com iodo?
O iodo é um componente das hormonas da tiróide, desempenhando um papel muito importante no desenvolvimento cerebral do feto. É no período gestacional e até aos 3 anos de vida da criança que se dá o maior crescimento e desenvolvimento do cérebro.
Uma alimentação equilibrada e diversificada pode ajudar nos níveis de iodo
As necessidades de iodo na gravidez estão aumentadas e, habitualmente, com a alimentação, a grávida não consegue garantir níveis adequados de iodo. Contudo, é importante que seja garantida uma alimentação diversificada e equilibrada, com alimentos fontes de iodo, como o peixe de mar, as algas, leguminosas, o leite e os seus derivados. A utilização de sal iodado também pode ser um excelente aliado na regularização dos níveis de iodo.
A suplementação com iodo pode ser necessária, sobretudo até às 20 semanas de gestação
- É nesta altura que o feto já consegue sintetizar hormonas tiroideias, deixando de ser necessária esta suplementação. A dose é 150ug/dia, desde que sem contraindicações para a toma, nomeadamente muheres com patologia da tiróide. Uma vez mais, estes são dados a serem analisados pelo médico que segue cada mulher.

Espero que esta informação vos seja útil, mas sobretudo vos dê “bagagem” para que tomem decisões conscientes e com conhecimento 😍
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