Antes de engravidar, habitualmente a mulher diz que vai fazer tudo: “Quando for mãe quero tratar sempre de mim!”; “Quando for mãe deixo o bebé com o pai e vou ao cabeleireiro”; “O meu filho vai ficar duas ou três noites com os avós para os papás irem passear” 🙂
Quem se identifica?
Quando o teste positivo chega, o batimento cardíaco se ouve na ecografia, os primeiros pontapés são sentidos, o som do choro do bebé finalmente se ouve no seu nascimento… Toda uma mulher se altera e nasce uma mãe! Já vos tinha dito isso no artigo «uma mãe que nasce» lembram-se?
Nasce uma mãe que passa a viver única e exclusivamente para o bebé, deixando para trás um pouco de si mesma, pelo menos no primeiro mês (que passa a correr entre fraldas e mamadas). Mesmo que antes tenha dito que queria cuidar de si mesma na 1ª semana de vida do bebé; mesmo que antes tenha dito que ia ao cabeleireiro antes do bebé fazer 1 mês.
A verdade é que a maioria das mulheres, quando se tornam mães, demoram a conseguir fazê-lo. Não porque vão ao cabeleireiro, não porque estarão duas horas fora de casa e o bebé pode precisar de mamar, mas sim porque o bebé tem de ficar com alguém! E em 99,9% das vezes, no início de vida do bebé, esse alguém é o pai!
Quem disse que seria fácil?
Não é de todo! Se dentro da nossa barriga o bebé estava protegido e ligado unicamente a nós, nascendo passa a ser partilhado “pelo mundo”. E se antes nos parecia simples e nem pensávamos muito nisso, na realidade, o simples facto de o pai querer pegar no bebé faz confusão a muitas mães: Ora porque não posiciona bem a mão a proteger a cabecinha do bebé, ora porque não o vimos lavar as mãos antes de pegar no bebé, ora porque… por nada! E por tudo!
Como desfazer a “bolha”?
Antes do João Maria nascer já tinha uma noção que me iria “transformar” 🙂 Assim como todas as outras mulheres que têm filhos. Porque seria eu diferente? O amor que todas diziam sentir ao contemplar o seu filho pela primeira vez eu com toda a certeza também sentiria, do meu jeito, à minha maneira.
E por isso, desde cedo conversámos em casal sobre os cuidados ao nosso bebé, os gostos e os ideais de cada um. Desde cedo invertemos papeis: eu procurei colocar-me no lugar do “Daddy” e o João no lugar da “Mommy” 🙂
COMEÇOU AQUI o nosso caminho pela parentalidade juntos…
1º Conselho – DIÁLOGO
Conversar em casal sobre os cuidados ao bebé, os gostos e os ideais de cada um. Partilhar pontos de vista, informarem-se e chegarem a conclusões
- O pai gostava de ser ele a dar o primeiro banho ao bebé?
- A mãe faz questão de não comprar chucha de início ao bebé?
- O pai prefere que o berço do bebé seja colocado junto à mãe?
- A mãe prefere que as compras para o bebé sejam feitas online?
Como para tudo na vida, o diálogo em casal é o principal mediador de conflitos 🙂
2º Conselho – INCLUSÃO
Incluir o pai em todo o planeamento relacionado com o bebé, desde a gravidez ao parto
- Se for intenção da mulher fazer curso de preparação para o parto (que aconselho vivamente) incluir o pai nas sessões, sobretudo as práticas, mesmo para as mães que planeiam uma cesariana (seja por opção própria, seja por circunstâncias da gravidez / do corpo da mulher);
- Fazer, em conjunto a lista do enxoval do bebé e planear juntos as lojas onde comprar (consultar artigo «lista do enxoval do bebé»);
- Ir juntos às compras para o bebé;
- Se a mulher fizer plano de parto, incluir o pai do bebé na execução do mesmo (apesar de ser a mulher quem vai parir, o pai deve ser ouvido relativamente às suas opiniões e desejos; conversem, uma vez mais).
3º Conselho – PARTILHA
Dividir com o pai as tarefas relacionadas com o bebé
E é aqui que nós mães temos a oportunidade de, aos poucos, ir desfazendo a “bolha” e permitindo que o nosso bebé se vincule cada vez mais ao pai, alguém igualmente essencial na sua vida. A ligação pai-filho é algo que permite, todos os dias, desenvolver capacidades mentais e físicas em bebés e crianças.
Além disso, dividir tarefas com o pai do bebé vai dar-nos possibilidade de descansar e de pensar noutras coisas que não fraldas, mamadas e sestas do bebé.
O pensamento que me tem acompanhado e que me tem ajudado a “desfazer” saudavelmente a bolha com o João Maria é “E SE EU DEIXAR DE EXISTIR, COMO VAI SER? QUERO QUE O MEU FILHO FIQUE BEM!”. Não imaginamos algo desse género pois não? Mas infelizmente nem sempre as coisas são como mais desejamos. Não que devamos pensar no fim da vida, mas somente que ela existe e agora temos um ser que já não está “colado a nós”. Temos de ter noção que na nossa ausência, os nossos filhos têm de sobreviver e, quanto melhor isso for feito, melhor para eles e para a sua felicidade 🙂
Sugestões de tarefas que podem ser perfeitamente feitas pelo pai do bebé e que contribuem para o processo de vinculação pai-bebé e para o “desfazer da bolha”
ACORDAR / DEITAR
- Ir buscar o bebé ao berço para mamar;
- Ir buscar o bebé ao berço para brincar pela manhã junto dos pais;
- Adormecer o bebé;
- Deitar o bebé;
- Acalmar o bebé durante a noite.
ALIMENTAÇÃO
- Preparar o biberão (em caso de aleitamento artificial ou suplemento);
- Dar o biberao (em caso de aleitamento artificial ou suplemento);
- Colocar o bebé a arrotar;
- Preparar os alimentos e refeições do bebé;
- Dar as refeições ao bebé.
HIGIENE
- Dar banho ao bebé;
- Colocar creme hidratante no bebé.
PROTEÇÃO
- Colocar protetor solar no bebé;
- Colocar o bebé no ovo / cadeira de viagem.
SAÚDE/DOENÇA
- Dar analgesia ao bebé/criança;
- Levar o bebé ao serviço de urgência;
- Ficar com o bebé no hospital em caso de internamento.
CONFORTO
- Dar miminho/colo ao bebé/criança;
- Praticar babywearing;
- Acalmar o bebé;
- Massajar o bebé.
BRINCADEIRAS
- Brincar com o bebé;
- Programar brincadeiras para serem executadas unicamente pelo pai com o bebé.
E tantas outras…
MAS ATENÇÃO: Temos de conseguir enquanto mães, confiar no pai para o deixar fazer sem que estejamos constantemente a corrigir ou a reprimir. Já pensaram que o pai quer tanto o bem do bebé quanto vocês?
Como vêem: todas as tarefas que nós mães fazemos junto dos nosso filhos podem ser feitas pelo pai do bebé. Podem e devem! Não que sejamos substituíveis, porque o miminho da mãe, a voz da mãe, o conforto da mãe, ninguém nunca conseguirá igualar ou substituir! 🙂
4º Conselho – DISTRAÇÃO
O último mas talvez o primeiro a ajudar-nos, a nós mães, a perceber que realmente precisamos de confiar!
E para isso, só saindo de casa: Seja para ir, em 5 minutos passear o cão; seja para ir beber um café ou para uma caminhada rápida. Ou ainda como eu: para ir ao supermercado 🙂 Mas precisamos de sair. E a primeira vez custa muito! Custa, mesmo que confiemos no pai (convém que confiemos). Sentimos como um vazio, uma falta estranha daquele ser pequenino que ainda agora chegou mas já não sabemos viver sem… 🙂
Portanto, toca a marcar nas agendas o dia e a hora em que tencionam sair. Para bem de todos, mas sobretudo para aquele pai ficar sozinho com o seu filho. Para que juntos se conheçam, se explorem, se percam nos momentos que também eles merecem ter como únicos.
O João Maria já sabe que o choro da manhã é respondido pelo abraço do pai que o traz para o miminho na nossa cama; já sabe que o “banhinho” é o pai que dá; já sabe que quando o pai chega as brincadeiras são com ele.
E por aí, como tem sido / foi o desfazer da bolha? Como notam que o pai do vosso filho se sente no dia-a-dia? E o bebé, quando vê o pai?
Por aqui, a partilha é diária…! o pai ca de casa “apenas” não tira o leite para dar à cria mais Pequenininha…porque de resto…! Não foi por isso que decidi (com a anuência do pai!) dar de biberão o meu leite ao Tomás, mas uma vez que assim é, o pai dá imensas vezes o leite! São momentos deles, bons momentos! Não há uma definição de tarefas entre nós, porque cada um vai fazendo o que há para fazer com qualquer dos 4 filhos que temos! :blush::heart_eyes:
Que maravilha! É fantástico ser assim 🙂 Parabéns aos dois!
sem dúvida que is monentos pai/filho(a) sao fundamentais e é das coisas msis lindas de se ver! ❤ o amor, os olhares, o sorriso e o cuidado! perco-me nisso! :heart_eyes: mas o início custa muito! quer dizer, quer dizer, a mim custou! n por n confiar, mas simplesmenter pq parece q queria a minha filha só para mim! mas o bom de tudo é q gradualmente esse sentimento passa e acabamos todos por nos encaixar e descobrir o nosso papel ❤
E é maravilhoso quando descobrimos que esta partilha é tão importante não é? 🙂 Obrigada amiga querida!