Não ter menstruação é, para muitas mulheres, sinónimo de alegria. Para mim começou a ser uma preocupação ver os meses a passar e continuar em amenorreia. Sobretudo sendo o nosso método contracetivo até ao momento o preservativo. Apesar de saber que, continuando a amamentar seria expectável não menstruar, o meu historial ao nível dos ciclos menstruais foi sempre motivo de alguma preocupação. E foi isso que me fez marcar uma consulta com a minha ginecologista quase aos 10 meses do João Maria.
Primeiramente, dizer-vos que amenorreia é a ausência de menstruação em mulheres que já apresentaram, anteriormente, ciclos normais. Após o parto, tendencialmente há perda sanguínea via vaginal (quer após um parto via vaginal, quer após uma cesariana). Essa hemorragia que pode durar cerca de 6 semanas tem o nome de lóquios e, ao contrário do que muitos pensam, não diz respeito à menstruação.
- Habitualmente a menstruação surge entre a 8ª e a 10ª semana pós-parto, em mulheres que não amamentam;
- Em mulheres a amamentar em horário livre e em exclusivo até aos 6 meses, a quantidade da hormona prolactina (responsável pela produção de leite) mantém-se sempre em níveis elevados, sendo expectável que não tenham menstruação. Contudo, após o espaçamento das mamadas, com a introdução alimentar, habitualmente a mulher retoma a ovulação e, por conseguinte, a menstruação.
- Ainda assim, é frequente em bebés cuja amamentação é mantida, mesmo após a introdução alimentar, os níveis de prolactina se manterem elevados, o que impede a ocorrência da menstruação. De qualquer forma, a partir dos 9 meses do bebé e mantendo-se a mulher em amenorreia, é aconselhável a observação por especialista adequado.
Consulta com especialista
9 meses e meio do João Maria e eu fui, então a consulta com a minha ginecologista. Toda a observação, complementada com os exames adequados, foram o suficiente para a médica me dizer que os meus níveis de prolactina se encontram elevados e me tranquilizar relativamente a este tema. Referiu ainda que, mantendo amamentação, seria expectável ainda demorar para ter a menstruação. Nada como a observação de um especialista para termos certezas que tudo está a decorrer na normalidade e que não há razão para preocupação.
Contudo, apesar dos níveis de prolactina estarem elevados, nada garante que, mesmo o João Maria mamando 3 a 4 vezes ao dia, os níveis não baixem e eu nao faça uma ovulação, correndo o risco de engravidar. Por esse motivo, é sempre importante ter em conta um método contracetivo. Ninguém melhor do que a minha médica, aquela em quem confio há muitos anos, para me elucidar relativamente a este tema. Depois da consulta, ficou decidido mantermos o método contracetivo que já estavamos a utilizar: o preservativo.
Método contracetivo
A consulta de revisão pós-parto, às 4 a 6 semanas pós-parto, assume grande importância. Isso e um planeamento familiar adequado e que dê ferramentas à mulher e ao casal para decidirem, com informação, o melhor método contracetivo a adotar nesta fase. Ou seja, é essencial o casal conhecer os métodos contracetivos existentes e decidir-se por um, mediante vários fatores (desejo ou não de amamentar, nº de filhos desejável, efeitos secundários/contraindicações de algum método em particular).
Os motivos principais que nos influenciaram, enquanto casal, a optar pelo preservativo basearam-se no meu esquecimento natural em tomar a pílula e no desejo de termos um segundo filho com intervalo de tempo relativamente curto do primeiro.
Os autores referem que a amamentação em exclusivo pode servir de método contracetivo temporário, desde que seja mesmo em exclusivo e até aos 6 meses de vida da criança. Para que tenha 97 a 98% de eficácia é preciso a mulher garantir 3 aspetos:
- Tem de estar em amenorreia;
- Não deve haver um espaçamento superior a 6h entre as mamadas;
- Devem existir mamadas diurnas e noturnas. Ainda assim, o risco existe. Após os 6 meses de vida do bebé, mesmo que em amenorreia.
Uma vez diminuida a frequência na amamentação, diminui drasticamente a proteção conferida e a mulher passa a poder, muito mais facilmente, ovular, sendo fulcral recorrer a outros métodos contracetivos.
Dicas úteis
Não descurem a consulta de seguimento entre as 4 a 6 semanas após o parto. Não se esqueçam que o vosso bebé só pode estar bem se também vocês estiverem bem.
Aconselhem-se junto do médico ou do enfermeiro que vos segue relativamente ao método contracetivo que melhor se adequa à vossa situação em particular. Atendam a vários fatores na seleção deste método.
Questionem o vosso médico assistente relativamente à periodicidade de consulta de planeamento familiar;
Se não estão tranquilas relativamente a algum assunto relacionado com este tema, não hesitem em pedir ajuda aos profissionais adequados.
E por aí, estão tranquilas e satisfeitas com a escolha do método contracetivo? Já voltaram ao vosso médico assistente ou ainda não foram aconselhadas a tal?
Ainda nao fui a consulta depois de 3 meses pós parto, devido à situação que vivemos, de pandemia, sei que é extremamente importante,mas temos adiado. Por aqui ,amamentacao em exclusivo,mas com menstruação desde o 1.mes,o metodo adotado tambem éo preservativo, nao pretendemos mais filhos, tenho varias duvidas do que escolher, pensei no Mirena, mas irei pedir opiniao ao medico assistente.
Olá Catia. Pois convem mesmo ir a essa consulta, com todas as medidas de proteção adequadas, claro. Até mesmo para tirarem essas dúvidas da contraceção 🙂 De qualquer forma, no que puder ajudar cá estarei. Obrigada pelo seu comentário e por estar desse lado 🙂