Sempre desejei este momento: o contacto pele a pele com o meu bebé logo após o seu nascimento. Durante a gravidez nunca pensei muito no parto, mesmo para não ficar ansiosa com a situação. Contudo, independentemente do tipo de parto, fosse parto vaginal ou cesariana, o meu grande desejo era ter o meu bebé coladinho a mim logo após o nascimento. Tinha tanta vontade de sentir o meu bebé no meu peito que foi das primeiras coisas que voltei a mencionar à médica assim que cheguei à maternidade.
Na verdade, a oportunidade de sentirmos o nosso bebé no peito assim que nasce e poder cheirá-lo e contemplá-lo é único. Aquele cheiro! Ainda está nas minhas narinas aquele cheiro que nunca imaginei ser tão bom! Toda esta bolha de amor transmite-nos uma serenidade e segurança inexplicáveis. Já para não falar de todos os benefícios para o pequeno ser que veio ao mundo.
Sabiam que o contacto pele a pele pode dar-se imediatamente após o nascimento, seja parto vaginal ou cesariana, desde que mãe e bebé estejam bem?
O que é o contacto pele a pele?
É, como o nome indica, o contacto direto da pele do bebé com a pele do cuidador, destacando-se aqui a mãe e o pai como os principais elos de ligação com o bebé. Pele a pele é mesmo pele com pele: o bebé sem roupa (unicamente com a fralda) e a mãe/pai sem camisola. Destaco aqui o papel do pai porque, sem dúvida que o contacto pele a pele não diz respeito unicamente ao nascimento. É, pois, um dos métodos não farmacológicos de alívio do desconforto no bebé.
Durante os seus três primeiros meses de vida, o João Maria sofreu de cólicas e, muitas vezes, quer eu quer o pai conseguíamos acalmá-lo e proporcionar-lhe conforto com esta técnica (o bebé unicamente de fralda e um de nós sem a camisola, cobertos unicamente por um lençol).
Claro que, no momento do parto, o bebé encontra-se totalmente nú e é colocado dessa forma em cima do peito da mãe, desde que ambos estejam hemodinamicamente bem (como anteriormente vos referi). É este contacto que permite ao recém-nascido reconhecer:
- o cheiro da mãe;
- o batimento cardíaco da mãe;
- o toque da mãe.
É possibilitado o contacto pele a pele de mãe positiva para o SARS-CoV-2 com o seu bebé após o nascimento?
Em altura de pandemia ou não, como anteriormente vos referi, o contacto pele a pele é algo que os profissionais de saúde procuram que aconteça entre mãe e bebé, sempre que possível. Desde que mãe e bebé se encontrem hemodinamicamente estáveis, seja desejo da mãe e não haja nenhuma contraindicação ao momento.
Ainda assim, neste contexto pandémico, a DGS redigiu uma orientação referente aos cuidados ao recém nascido na maternidade (link), onde destaca, nos casos em que a mãe é um caso confirmado ou suspeito de Covid-19:
- Primeiramente, a opção do contacto pele a pele deve ser uma decisão conjunta entre equipa de saúde e mãe, devendo claramente ser tidos em conta:
- a situação de saúde da mãe e do recém-nascido;
- o desejo de amamentar;
- os recursos existentes para separar o recém-nascido;
- as condições existentes para proporcionar um alojamento conjunto seguro;
- E ainda, em caso da mãe ser positiva para o vírus SARS-COV-2, o seu desejo de realizar o contacto pele a pele com o seu bebé, assumindo o risco de contágio do recém-nascido.
- Se após o devido esclarecimento, a mãe desejar realizar o contacto pele a pele, deverá higienizar as mãos, as mamas e o tronco, bem como utilizar máscara no contacto com o recém-nascido;
- Igualmente, amamentar o seu bebé é possibilitado à mulher, desde que garantidas as medidas de higienização e a utilização de máscara.
Que vantagens do contacto pele a pele?
Vinculação mãe-bebé;
Diminuição do stress materno pela sensação de conforto e segurança;
A tranquilidade materna, promove a produção da hormona do amor (ocitocina) e, com isso, maior sucesso na amamentação;
Maior sucesso e eficácia na sucção do recém-nascido;
Sensação de calma, tranquilidade, segurança e conforto no recém-nascido;
Promove o reconhecimento e a adaptação do recém-nascido ao ambiente envolvente;
Protege o bebé de infeções, pelo contacto com a pele da mãe, provida da sua flora bacteriana habitual e saudável;
Não só no recém-nascido mas também até cerca dos 3-4 meses de vida do bebé, este contacto pele a pele mostra-se benéfico no alívio da dor, com especial relevância como medida não farmacológica do alívio da cólica. Facilita, assim, o descanso do bebé;
Promove a vinculação pai-bebé;
O contacto pele a pele mostra-se extremamente benéfico nesta ligação pai-bebé. É mais uma estratégia a usar e abusar para aumentar esta vinculação entre ambos.
Transmissão de conforto e segurança à mãe e ao pai, sentindo-se mais habilitados a cuidar do seu bebé;
E por aí, praticaram / praticam muito contacto pele a pele? Que benefícios notam em vocês e no vosso bebé?
0 Comments