
Cólicas! O martírio de muitas mães e pais nos primeiros meses de vida do bebé. Não me lembro de algum dia de trabalho na urgência sem que um pai ou uma mãe aparecesse a pedir ajuda porque o seu filho “chora continuamente há 1h” ou “estava tão bem e de repente começou a chorar e não o conseguimos acalmar nem ao colo”. E no final, tudo se resume a cólicas.
Muitos pais admitem que o que os seus filhos têm não são cólicas pois “faz muito bem cocó, todos os dias e várias vezes ao dia”. Mas dou-vos aqui uma informação importante: não são só os bebés com dificuldade em fazer cocó que têm cólicas.
O que é a cólica?
A cólica é sinal da imaturidade do intestino e da presença de ar para além das fezes, ar esse que se transforma numa dor insuportável. Por isso mães e pais, a maioria dos bebés até aos 3 meses, infelizmente, passa por este tormento. Conseguir identificar a cólica e intervir no momento certo, pode dar muito mais qualidade ao vosso bebé.
Como distinguir a cólica de qualquer outro desconforto?
Como mães e pais rapidamente começamos a distinguir o choro do nosso bebé. Chora porque tem fome, porque tem sede, porque tem calor ou frio, porque tem sono, porque quer mimo e conforto, porque tem dor. Dor! Um choro tão característico:

– choro gritado, com lágrima, inconsolável;
– muitas vezes acompanhado de extensão dos braços e pernas;
– com projeção do tronco para trás.
Onde já viram isto? 🙁
Infelizmente o João Maria desde cerca do 15º dia de vida que começou as terríveis cólicas. Comecei a perceber que era de cólicas que se tratava por toda a envolvente da situação, que em tanto se assemelhava ao que diz nos livros:
- começava com desconforto sobretudo no horário entre as 16 e as 21h, após as mamadas;
- com choro forte, muitas vezes um choro gritado;
- contorcia-se para trás e esticava muito as pernas que mantinha várias vezes em tensão;
- houve vezes em que logo no início da mamada, após uns 2 minutos de amamentação, o meu filho recusava-se a continuar a mamar, chorando inconsolável, contorcendo-se, o que mais uma vez mostrava desconforto;
- quando o despia para palpar a barriga, esta encontrava-se distendida e, quando massajada, sentiam-se como que uma espécie de bolhas de ar.
O que fazer para aliviar a cólica do bebé?
– Promover um AMBIENTE CALMO E ACOLHEDOR (se o bebé costuma acalmar com música colocar música; se acalma com chucha dar chucha; se prefere o vosso colo, dar colo; se o banho o deixa relaxado, antecipar o banho, entre outras medidas que vejam que são facilitadoras neste processo;
– Praticar muito BABYWEARING, muito colinho e miminho reconfortante;
– Fazer MASSAGEM NA BARRIGA DO BEBÉ, no sentido dos ponteiros do relógio (pode facilitar se usarem óleo de amêndoas doces ou creme hidratante). Atenção que não é suposto fazer cócegas 😉 é sim para massajar firmemente, sem medo, de forma a possibilitar o retorno do trabalho intestinal;
– Realizar ESTIMULAÇÃO RETAL COM CÂNULA DE BEBEGEL: na maternidade, as enfermeiras do serviço costumam ensinar os pais a realizar esta estimulação, assim como a massagem abdominal. Não tenham alta sem pedir tais ensinos, se estes não vos forem feitos, pois são essenciais para que ajudem o vosso bebé e se sintam seguros enquanto pais a fazer tais procedimentos. E garanto-vos: o vosso filho não ficará dependente de uma cânula no ânus cada vez que tenha de evacuar! (sim esta é uma questão que, naturalmente, muitos pais nos colocam em ambiente de urgência);
– Aplicar QUENTE NA BARRIGA, com saco de água quente ou almofada anti-cólicas, após realizarem a massagem abdominal (atenção para não queimar o bebé; habitualmente existem almofadas apropriadas para bebés – explico abaixo);
– AMAMENTAR, para mães que amamentam, por todo o conforto que este momento transmite ao bebé;
– Dar ANALGESIA oral ou retal (paracetamol / benuron), se as medidas anteriores não forem eficazes e/ou o bebé mantiver dor notória (consultar artigo «analgésicos e antipiréticos em pediatria»)
O nosso caso em particular…
O meu bebé raramente tolerava a massagem na barriga. A dor devia ser tal, que contorcia-se ainda mais quando eu tentava massajá-lo; por isso, quase sempre que o que nele resultava era a estimulação retal com a cânula do bebegel. Ficava mais aliviado depois de expulsar todo aquele ar acumulado no intestino.
Após isso, nada como o babywearing. Muito colo, muito mimo e conforto ajudavam o João Maria a descansar e a aliviar aquele desconforto. Já para não falar que me permitia fazer alguma coisa em casa e me transmitia, enquanto mãe, a sensação de segurança necessária para me sentir melhor 🙂
Para além destas medidas, o João Maria acalmava muito com a almofada anti-cólicas, ou enquanto praticava babywearing, ou ao meu colo virado para baixo e com uma das minhas mãos na sua barriga. Uma almofada moderna que se aquece no microondas, que eu desconhecia por completo até a minha sogra oferecer ao meu filho depois de ter visto o seu sofrimento numa tarde em nossa casa. A verdade é que o calor local ajuda em muito no alívio da dor e eu pude verificar isso no meu bebé. Ficava mais calmo e acabava por adormecer.
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Contudo, mesmo depois destas medidas que indiquei, em cerca de 3 a 4 vezes, o João Maria manteve gemido, com notória dor. Foi necessário dar-lhe um analgésico (paracetamol ou ben-u-ron). Nos casos em que dei paracetamol ao meu bebé, em 30 a 40 minutos o meu filho acalmou e adormeceu descansado. Isso para mim foi o mais importante.
Tenho de enfatizar que os medicamentos devem ser administrados com pés e cabeça, em circunstâncias cujas medidas anteriormente descritas não são suficientes e o bebé permanece inconsolável com dor. Falo-vos não somente como enfermeira, mas como mãe também (consultar artigo «analgésicos e antipiréticos em pediatria»).
Mete dó ver os nossos filhos naquele sofrimento. Tenho consciência que a experiência profissional me ajudou muito a lidar com a situação, desde a identificação da cólica ao controlo da mesma. E é por isso que escrevo este artigo, para que, também vocês, pais, se sintam capazes de identificar a cólica e agir para ajudar o vosso filho a melhorar.
E a vossa esperiência com cólicas, como tem sido?
Obrigada mais uma vez por estas informações tão importantes senhora enfermeira.
Bebé de 3 semanas, algumas cólicas, e começam sempre quando está à um minuto na mama. Recusa mamar, mas o colinho é sagrado.
Agora já sei que as massagens aliviam muito antes das mamadas. Obrigada
Que bom querida Sandra, obrigada pelo seu feedback e tudo de bom para o pequenino 🙂
Beijinhosss
Sou/somos tão abençoados! Por várias razões, de entre as quais a saúde plena das nossas princesas e o quão felizes elas são ❤️
Mas nesta questão das cólicas temos sido mesmo MUITO abençoados… Não sei o que é! Senti uma única vez, da qual tiveste conhecimento, um desconforto bem forte na baby Áurea, mas que felizmente com as tuas dicas e recomendações reverteu! ❤️❤️❤️
O meu filho teve imensas cólicas até aos 5 meses e tal como o teu tinha sempre a partir mais ou menos das 17h as 22h ou 23h. Depois começou a ter apenas à noite , mas ainda as tem e agora a introdução alimentar agravou um pouco.
Apesar de toda a gente opinar sobre dar gotas na chucha , eu sou um pouco contra porque lá está, tento resolver da maneira que acho que o meu filho fica bem, sem ser necessário analgesia oral ou rectal. Mas se tivesse de o fazer faço para o bem dele. Mas nunca dei nada. Apenas penso dar umas gotas agora, de origem mais natural sem açúcares , se as cólicas se se agravarem durante a introdução alimentar.
Sou uma mãe muito paciente, então antes de cada mamada massajava a barriga e fazia exercícios com as perninhas. Agora que ele descobriu os pés até brinco com ele com as perninhas e ele relaxa e ri se, e lá vai deitando os gases.
Uma coisa que me ajudou bastante , foi a dica da minha prima que vive em Itália , e quando teve os dela, recomendado por uma médica italiana, foi a mãe ou o pai deitarem se e elevarem o tronco, ficando o bebé deitando ao longo da nossa barriga (barriga com barriga, cabeça para cima claro), pois a nossa respiração profunda e calma, vai acalmando o bebé e massajando a barriga e o calor ajuda e o bebé fica relaxado e vai soltando os gases. Muito colinho ajuda bastante.
Nunca coloquei o liquido do bebé gel mas nos 6 meses de vida dele, apenas estimulei 3 vezes com a canula porque chegava ao fim da tarde e ainda não tinha feito coco e via que estava muito aflito . Lá está apesar dele fazer coco várias vezes por dia as cólicas são perfeitamente normais porque o sistema digestivo e imaturo. Por isso as mamãs que não se sintam culpadas de comer certas coisas. Há muito mito. Eu apercebi me apenas que quando comia muitos verdes ele ficava mais aflito . Portanto apesar de me fazer bem, reduzi na ingestão de certos verdes por causa da quantidade de ferro, para bem do meu bebé.
Uma coisa que ajudava bastante era o banho, apesar do pediatra dizer que podia tomar banho dia sim e dia não, eu expliquei que o banho ajudava e ele deu me luz verde para dar banho todos os dias , para bem do meu bebé. Mesmo assim experimentei dar uma semana dia sim e dia não, e cada vez que não tomava banho era horrível para adormecer, por isso optei por dar banho todos os dias.
A almofada tentei e ele não gostou muito prefere as massagens na barriga e o movimento das perninhas.
Mamã calma, bebé calmo. Bebé bem, mamã feliz =)
Sara, excelente partilha! Tenho a certeza que muitas mamã se sentirão mais seguras e confortadas com estas palavras! Muito grata 🙂
Boa noite, este é “só” o melhor blog que nós “recém-papás” poderíamos encontrar nesta nova fase da nossa vida .
Muito obrigada por toda a partilha .
Espetacular
Oh querida Andreia, que emoção ao ler as vossas palavras de apreço! Obrigada por todo o carinho 🙂
Que seja um apoio para que todos se sintam mais seguros!
Um beijinho,
Andreia
Vejo me na situação em que quero massaja lo e ele contorce se ainda mais. Tadinhos, malditas cólicas bom artigo mamã
O truque é não desistir, massajar muito muito muito sempre antes das mamadas. Aliado a muito miminho, muito colinho e amor. Será um truque infalível para proporcionar mais conforto ao bebé. Obrigada pelo seu comentário