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O bebé alimentado com leite artificial: 10 cuidados essenciais

O bebé alimentado com leite artificial: 10 cuidados essenciais

Mai 28, 2020

Muito se tem falado neste blog sobre amamentação e leite materno. Desde a decisão de amamentar ou não, os desafios da amamentação, a subida do leite e a extração e acondicionamento de leite materno. Fora as ideias que já vou tendo em mente para os próximos tempos 🙂

Contudo, já vos disse que não sou extremista em nada. Não é por ser enfermeira que vos trago uma opinião firme de que a amamentação é o melhor do mundo. É o melhor para quem deseja que o seja, para quem é feliz com essa escolha e para os casos de sucesso. Não é o melhor para quem não consegue amamentar, para quem não é feliz a amamentar ou para quem não o pode fazer seja por que motivo for.

O meu papel clínico é informar-vos, elucidar-vos, ajudar-vos e dar-vos ferramentas para que consigam desfrutar da amamentação, vocês e os vossos bebés. Contudo, quando não dá, mesmo depois do esforço, do desejo e das tentativas, não dá. E estarei igualmente lá para vos apoiar, ajudar e reconfortar.

É altura de mudar mentalidades!

Somos criticadas enquanto mães ora porque amamentamos na via pública, porque não queremos amamentar e damos leite artificial, porque damos um puxão de orelhas aos pequenos, porque não os reprimimos na altura certa… Enfim! 🙂 Por tudo e por nada! Portanto, na realidade todas somos criticadas. Por isto ou por aquilo 🙂

Volto a enfatizar, como em tantos outros artigos me “ouviram” dizer: não é pior mãe aquela que não consegue, não quer ou não pode amamentar. Todas desejamos o mesmo: Saúde, felicidade, bem-estar e amor para os nossos filhos.

Sejam quais forem os motivos, se o bebé tem de ser alimentado com leite artificial, é essencial que a mãe e o pai pensem positivo e tenham em consideração as principais vantagens do aleitamento artificial:

  • Permite que o pai alimente o bebé, promovendo maior vinculação entre ambos (consultar artigo «Vinculação pai-bebé: 4 conselhos que ajudarão mães e pais»);
  • Permite que a mãe descanse melhor nos períodos noturnos, podendo ser o pai a levantar-se para alimentar o seu filho;
  • Permite que um irmão/irmã alimente o bebé, conferindo responsabilidade e maior ligação/união entre os dois;
  • Permite que a mãe se possa ausentar por um período maior de tempo (apesar de, extraindo leite materno, a mulher que amamenta também o poder fazer)
  • (…)

Pode, de facto, ser necessário, no 1º ano de vida do bebé, suplementar ou substituir o leite materno por leite artificial. Então:

Que particularidades ter em conta relativamente ao aleitamento artificial?

Orientações da DGS (2018-2019)

Tipos de fórmulas infantis

Apesar do leite artificial standard poder ser adquirido sem receita médica, em qualquer farmácia/parafarmácia/superfície comercial, recomenda-se que seja solicitada opinião ao profissional de saúde de referência do bebé para iniciar aleitamento artificial.

  • Um bebé saudável deve ser alimentado com um leite artificial standard cuja manipulação dos constituintes é mais reduzida;
  • A maioria das fórmulas infantis são preparadas a partir do leite de vaca, com uma composição o mais próxima possível do leite materno.

Fórmula infantil standard:

  • Fórmula 1 (dos 0 aos 12 meses, podendo ser utilizada em exclusivo até aos 6 meses e manter-se até aos 36 meses);
  • Fórmula 2 – de transição (dos 6 aos 12 meses, podendo manter-se até aos 36 meses);
  • Fórmula 3, 4 e 5Não se recomenda a sua utilização dado o desajuste do teor proteico.

A DGS recomenda a manutenção da fórmula 1 para além dos 6 meses OU a aquisição de uma fórmula de transição (2) desde que com baixo valor proteico.

  • Fórmulas especiais (anti-refluxo, hidrolisadas, sem lactose, etc.) devem ser sempre prescritas pelo médico que segue o bebé e que conhece o seu historial;

Escolha da tetina e do biberão

É agora altura de selecionar a tetina e biberão adequado ao bebé. Nem sempre é tarefa fácil. Aconselho a pesquisarem sobre o assunto e a informarem-se no local onde vão adquirir o produto relativamente às várias características dos biberões e tetinas do mercado.

Se possível:

  • Selecionar uma tetina adequada ao estadio de crescimento do bebé;
  • Informar-se e selecionar um biberão igualmente indicado à fase de crescimento do bebé.

Preparação do leite artificial – CUIDADOS A TER

O biberão de leite artificial deve ser preparado na hora para cada mamada;

Com água com pH neutro a uma temperatura de cerca de 37ºC (habitualmente nas embalagens das fórmulas lácteas, está presente a indicação de temperatura ideal de preparação)

Porquê?

– Preparação com água muito quente provoca a destruição das proteínas e das vitaminas do leite;

– Preparação com água fria impede a correta diluição dos nutrientes.

Verificar sempre a temperatura do leite antes de oferecer ao bebé, preferencialmente no pulso do adulto.

Como preparar?

  1. Higienizar bem as mãos e a bancada onde será preparado o leite artificial;
  2. Verter a quantidade de água desejada, atendendo à temperatura ideal;
  3. Colocar a quantidade exata de pó para a quantidade de água colocada anteriormente (encher a colher de medida, sem pressionar o pó e, com uma espátula, ajustar a quantidade até que a colher de medida fique rasa) (1 COLHER DE MEDIDA PARA CADA 30ML DE ÁGUA);
  4. Encaixar a tetina com a tampa ao biberão e agitar até diluição do pó;
  5. Verificar a temperatura do leite a oferecer ao bebé, no pulso do adulto;
  6. Arrefecer o biberão em água corrente ou colocando o biberão dentro de uma tupperware com água fria;
  7. Verificar de novo a temperatura do leite a oferecer ao bebé, no pulso do cuidador;
  8. Oferecer o leite ao bebé com o biberão na vertical, com a tetina totalmente preenchida de leite, para que o bebé não ingira ar e, assim, aumente a probabilidade de cólicas;
  9. Desperdiçar os restos de leite após a mamada;
  10. Higienizar o biberão e tetina com escovilhão em água corrente e sabão e, por fim, esterilizar (até aos 4 meses).

Aspetos a ter em consideração

  • As fórmulas infantis devem ser guardadas em local seguro;
  • Verificar com regularidade o prazo de validade da fórmula infantil.

Baseado nas orientações da DGS

E por aí, temos bebés que se adaptaram bem ao leite artificial, ao biberão e à tetina? Como têm sido as vossas experiências?

10 Comments

  1. Joana

    Olá enfermeira. Bolas, estava mesmo a precisar de ler isto hoje. Bébé de 2 meses, a beber leite adaptado em exclusivo desde as 2 semanas, depois de um parto complicado, apoio insuficiente sobre a amamentaçao na maternidade, o leite que demorou a subir, uma bebe a chorar constantemente, mamilos para lá de macerados, e uma mãe profundamente deprimida com tudo isto. O leite adaptado permitiu conectar-me com a minha filha e começar a usufruir da maternidade com prazer. Mas continua a ser uma fonte de culpa, e todas as páginas de instagram que segui durante a gravidez hoje deixam me sempre muito triste e novamente culpada, pelo constante “bottle shaming”. Hoje sei que devia ter procurado uma CAM mais cedo, mas enfim. Resumindo, a bebe é um anjinho, eu estou feliz, o pai participa mais. Mas de vez em quando preciso receber uma confirmação de que nao sou uma criminosa por nao ter conseguido amamentar. Obrigada!

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    • Enf Andreia

      Querida Joana <3
      Acabou de fazer com que me arrepiasse ao ler o seu comentário. Sempre defendi que não podemos nem devemos ser extremistas em nada. Eu não posso assumir uma posição extremista relativamente a nada porque tenho de vos conseguir apoiar a todos. A minha função é informar, dar ferramentas de conhecimento, para que decidam o melhor caminho. Nem sempre o caminho que escolhemos é o que desejávamos. Por tantos motivos! Como os seus!! Não lhe faltaram motivos para ter de dar LA. E TENHO A CERTEZA QUE, DE QUALQUER DAS FORMAS, VOCÊS SÃO OS MELHORES PAIS DO MUNDO PARA O VOSSO BEBÉ <3 Beijinhosss

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  2. Maria Helena

    Olá! Por aqui bebé de um mês e dois dias. Ela mama das duas maminhas e ainda lhe dou suplemento. Como ela esteve na neonatologia 10 dias quando nasceu, lá davam-lhe leite de fórmula. Derivado ao fato de me ter estressado por a bebé ir para a Neo o meu leite não subiu nesses dias, eu tentava dar de mamar sempre que lá ia e ela ficava sempre com fome depois e lá vinha o leite artificial. E eu nunca fui contra. Na minha família a minha irmã da primeira filha deu de mamar até aos 4 meses só e da segunda filha apenas até aos 2 meses pois o leite simplesmente deixou de vir. Até agora em casa, continuo a dar suplemento à bebé depois de oferecer as duas mamas pois já tentei não lhe dar e ela não fica saciada e acaba por estar sempre a pedir mama se não usar fórmula. Com isto quero dizer que ao início me fazia muita confusão, não me sentia a melhor mãe do mundo nem que era uma amamentação “verdadeira” por lhe complementar com fórmula e chorava por o meu leite não ser suficiente. Agora já tive mais subida de leite e sinto e no entanto não lhe tiro o leite artificial por questões de a menina ficar mais saciada e porque não deixo de ser uma boa mãe a tentar dar o melhor para a filha e amor não lhe falta! Com mama ou com biberão! 🙂 obrigada!

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    • Enf Andreia

      Mª Helena, muito obrigada pelo seu excelente testemunho! É maravilhoso ver como somos todas felizes com os nossos bebés, independentemente do aleitamento. Obrigada por trazer, uma vez mais, a demonstração de que todas somos o melhor que podemos para os nossos pequeninos 🙂

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  3. Andreia

    Olá, por aqui sempre houve muita vontade de amamentar. e durante três meses dei e adorava esse momento com o meu bebé. Infelizmente, há suspeita que ele seja alérgico à proteína do leite de vaca, e mais alguma coisa. Andei durante 2meses a fazer evicçao de plv, ovo e soja para poder amamentar, mas ele continuava a piorar e tive mesmo de deixar. Foi o pior de tudo. tenho chorado muito, nao é facil, ter leite, adorar amamentar e não puder faze-lo porque não fazia bem ao meu filho. e ouvir outras mamãs de bebés aplv dizer “nada é melhor que o leite materno, se fizer evicçao consegue” fazia me muito mal, porque eu tentei tudo. dei o meu melhor. neste momento amamento o meu bebé com leite artificial ha 1 meses e ele tem andado mesmo muito melhor. e eu continuo aqui na luta, a fazer evicçao, a retirar o meu leite e a congelar na esperança de um dia destes puder voltar amamentar. :pray::pray:

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    • Enf Andreia

      Querida Andreia, que testemunho tão bonito. Obrigada 🙂 Esses 3 meses em que deu maminha ao seu filho, mesmo não tendo sido bom a certo nível, deu-lhe garantidamente muitas defesas importantes. Não tenha dúvidas. O mais importante é estarmos bem, mãe e filho. E se o seu bebé está bem co leite artificial, não há porque ficar apreensiva. Vai tudo correr bem <3 estamos juntas!! Muitos beijinhos e obrigada por estar desse lado!

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  4. Margarida

    Obrigada Enf. Andreia por retirar o estigma das mães que não estão a amamentar. Muito se culpabiliza as mães que não amamentam seja por que motivo for. Há imensas mães que não conseguiram amamentar e sofreram imenso com isso sendo um desgosto duro de lidar, inclusive muitas mães a terem acompanhamento psicológico para enfrentar esta perda. Estas mães deviam ter o mesmo acompanhamento das mães que amamentam, o mesmo cuidado, o explicar devidamente todas estas regras de preparação do leite por exemplo. Até porque é preciso realçar de uma vez por todas que a mãe que não está a amenentar tem em comum o mesmo da que amamenta: que é o amor ao seu filho e o querer dar lhe o melhor. Então essa mãe procura ter informação para dar o “melhor” leite, comprar os “melhores” biberões, etc., etc. E a história que o bebé não se liga da mesma forma é muito cruel…só pode vir de gente que nunca viu uma mãe a dar um biberão com todo o amor que lhe é possível e o bebé a retribuir. E a relação mãe bebé vai mais além, há toda uma mágica envolvida por explorar! A triste realidade é que a maior parte das mães desde que não amamentam são largadas ao abandono como se tivessem cometido um crime. Um exemplo, cessa a amamentação e os contactos dos cantinhos do hospital ou dos centro de saúde cessam imediatamente o apoio. Tem de haver muito trabalho neste âmbito e na mudança de mentalidades. E explicar às pessoas que aquela mulher que está a dar um biberão talvez tenha tido uma história de amamentação muito difícil, que precisou de terapia para aceitar a situação e agora simplesmente quer seguir em frente e dar da mesma forma todo o amor possível ao seu filho. Acima de tudo o bebé quer é uma mãe feliz e é preciso repetir isto muitas vezes as mulheres e que confiem que os bebés as amam da mesma forma, nada muda! :blush:

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    • Enf Andreia

      Querida Margarida, tão bom sentir, uma vez mais, que contribuo de alguma forma para que se sintam bem, todas. Sem exceção. Nunca gostei de ser extremista e nesta fase, com este projeto muito menos. Quero chegar a todos, aos que amamentam, aos que não amamentam. Independentemente dos motivos. E ajudar todos por igual. Obrigada por ter vindo partilhar a sua opinião 🙂 Um enorme beijinho

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  5. ju

    Olá.
    por aqui temos um bebé com 8 meses a leite artificial desde os 2 meses ☹
    sempre idealizei dar maminha até pelo menos 1 ano, era esse o meu objetivo e quando aos 2 meses soube que isso nao iria ser possivel, bem foi como se me tivessem tirado o chão. foi extremamente doloroso, culpei me imensas x. so me lembrava do que tinha ouvido nas aulas de preparação para o parto: toda a mulher tem leite, ela so nao amamenta se nao quiser… aquilo ficou a remoer me a cabeça. foram dias complicados mas graças ao excelente marido que tenho, que sempre me apoiou e continua a apoiar fez me ver que eu nao podia fazer nada, que tinhamos apenas de passar para o leite artificial e pronto. nao havia mal nenhum nisso, nao era menos mãe por isso, o vínculo com o David nao iria diminuir por isso…
    nenhuma gravidez é igual a outra, nenhum bebé é igual ao outro. hoje sei isso mais do que nunca.
    obrigada Andreia por todo o seu apoio a grávidas e papás nesta longa jornada. obrigada por conseguir ver todos os lados sem nunca julgar.
    um bem haja e esperemos que hajam por aí muitos mais profissionais com a visao da enfermeira Andreia

    :kissing_heart: e continuação de um excelente trabalho

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    • Enf Andreia

      Ju, arrepiei-me 🙂 Obrigada, de coração, pelo excelente testemunho que nos trouxe. A mim e a outras mamãs que, com toda a certeza, leram ou vão ler o seu comentário. Ser enfermeira dá-me a maior das felicidades, mas ter esta página e sentir que vos ajudo, vos apoio e estou aqui é qualquer coisa de muito especial. Obrigada, uma vez mais <3

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