O bebé está a crescer e, inevitavelmente, o momento da introdução alimentar vai chegar! Algo que para muitas mães é sinónimo de preocupação e de angústia: seja porque o leite materno (quando o bebé está sob aleitamento materno) deixa de ser o único alimento do bebé; porque terão de ser geridos novos horários e rotinas diárias o que comporta outro tipo de organização familiar; porque o horário laboral do pai nem sempre permite ajudar nas tarefas ao bebé durante a semana e a mãe fica sobrecarregada… Enfim! Mais um motivo de ansiedade.
Mas alguém alguma vez disse que ser mãe e pai não traz preocupação?
No meu caso em particular, ainda hoje não sei explicar bem o que me fez ficar tão ansiosa. Mas comecei a dormir mal duas semanas antes de iniciar a sopa ao João Maria. Sabia perfeitamente que a produção de leite materno se adapta às necessidades do bebé e que não iria perder o meu leite se o meu filho continuasse a mamar. Mas tinha medo. Medo do meu filho se desinteressar por aquele momento tão único entre nós dois, medo que não aceitasse bem a sopa, que não gostasse do sabor… Enfim! Como tantos outros medos que a maternidade nos traz e que não sabemos explicar 🙂
Independentemente do momento em que iniciem a sopa ao bebé, seja aos 4, aos 5 ou aos 6 meses, antes ou depois da papa, a informação contemplada neste artigo deve servir de ajuda e complementação da informação que obtém junto do profissional de saúde de referência que segue o vosso bebé (pediatra, médico ou enfermeiro de família). E como já referi antes, cada caso é um caso e não podemos generalizar quando se fala em pediatria.
No centro de saúde da vossa área de residência, existe informação útil que é entregue em formato de papel por enfermeiro/médico de família relativamente a este e outros temas. É um direito de cada um de nós o acesso a essa informação 🙂
10 DICAS ÚTEIS
1.) A variedade e a qualidade dos alimentos são dois fatores essenciais na introdução de novos sabores ao bebé;
2.) Não deve ser oferecido açúcar, sal, alimentos processados (como bolachas) ou sumos (naturais ou outros) até ao 1º ano de vida do bebé;
3.) Não deve atrasar-se a oferta de certos alimentos estipulados para determinada idade, mesmo em bebés com risco familiar de alergia;
4.) Cada cultura tem por hábito determinado padrão de introdução alimentar, devendo ser tido em conta o conhecimento cientifico mais recente;
5.) A oferta de alimentos ao bebé deve ser feita na posição de sentado ou ligeiramente inclinado, mas nunca com inclinação inferior a 45º, pelo risco de engasgamento;
6.) Os primeiros alimentos devem ser cremosos e oferecidos à colher;
7.) Mostrando maior controlo na mastigação e na deglutição, podem ser oferecidos progressivamente alimentos menos cremosos e mais granulosos, até à oferta de alimentos sólidos ao bebé;
8.) Cada bebé tem o seu ritmo e grau de desenvolvimento e aceitação de novos alimentos. Deve ser-lhe dado tempo e espaço na descoberta de sabores e texturas;
9.) Será sensato introduzir um novo alimento a cada 2-3 dias, pelo risco de alergia;
10.) Em caso de iniciar a introdução alimentar pela sopa/creme de legumes, deve ter-se em consideração que o leite (materno ou outro) é um alimento lácteo e tendencionalmente adocicado, pelo que há todo um treino de paladar para um alimento não-doce como é o caso de muitos dos legumes existentes.
COMO DEVE SER CONSTITUÍDO O CREME DE LEGUMES?
Deve conter 4 legumes distribuídos da seguinte forma:
1 legume base (batata ou batata doce ou chuchu ou beringela ou courgete ou couve-flor);
1 fornecedor de betacarotenos (cenoura ou abóbora);
1 rico em antioxidantes (cebola ou alho ou alho francês);
1 de folhas (alface ou bróculo ou couve-coração ou feijão verde, etc)
– Os legumes devem ser triturados e, no final, adicionado um fio de azeite no prato/tigela (5 a 7,5ml/dose);
– O creme de legumes pode ser confecionado e guardado no frigorífico por até 48h. Acima desse tempo deve ser guardado no congelador;
– A introdução de fruta pode ser feita desde o início da introdução alimentar, respeitando-se o intervalo de introdução de cada novo alimento e procurando não oferecer a fruta isolada ao bebé, mas sim como complemento da refeição principal ou do lanche:
Até aos 6 meses (se iniciada a introdução alimentar antes dos 6 meses) não deve ser excedida 1 peça de fruta/dia;
A partir dos 6 meses podem ser oferecidas 2 peças de fruta/dia;
Recomendações de 2019 da Direção Geral da Saúde baseadas nas orientações da Comissão de Nutrição da Sociedade Portuguesa de Pediatria (consultar documento)
A nossa experiência em particular…
Como vos tinha dito no artigo «O meu bebé não faz cocó desde que iniciámos a introdução alimentar. E agora?», o João Maria iniciou a diversificação alimentar pelo creme de legumes ao almoço, quando tinha 5 meses e uns dias.
As primeiras vezes foram, como na maioria dos bebés, difíceis. Comia 4 ou 5 colheres e chorava desalmadamente, precisando da suplementação com o meu leitinho. O nosso bebé só aceitou, pela primeira vez, uma concha de sopa (equivalente a 180ml) ao 10º dia após o início da diversificação alimentar. 🙂 (após esses 10 dias, quando bem estabelecida a oferta de sopa ao almoço, deixei de suplementar o meu bebé com leite materno).
Daí a importância de planearmos adequadamente a altura em que iniciamos a introdução alimentar no bebé, para que esteja bem estabelecida quando formos trabalhar.
Começámos por um creme de legumes composto por: batata + cenoura + alho francês + alface e, progressivamente, fomos adicionando novos legumes. Ao fim de 3 dias e já com alteração no trânsito intestinal do nosso bebé, passámos a um creme de legumes composto por batata + abóbora + alho francês + alface. Não melhorou muito, pelo que passados 3 dias trocámos a batata por batata-doce. Na vez seguinte, trocámos a alface por bróculos e começámos a perceber que o bebé melhorava intestinalmente.
Aos 6 meses iniciou o segundo creme de legumes ao jantar e, passada 1 semana, iniciou a carne na sopa ao almoço, progressivamente até atingir as 30gr de proteína/dia. Todo um mundo de descoberta diária, que não tem uma regra e que cada mãe e pai pode adaptar, tendo claro em consideração as recomendações do seu profissional de saúde de referência.
E com os vossos bebés, como tem sido a introdução de novos alimentos? Fazem-se cremes de legumes saborosos por aí? 😉
Esse medo que tiveste de que ele se desinteressadas pelo leite materno, aquele momento que é a apenas de nós os dois é o meu medo agora mas acredito que, tal como tu sou persistente e não desisto facilmente, por isso se algo do género acontecer com a introdução alimentar de agora, irei fazer tudo o que estiver ao meu alcance para continuar a amamentar.
Quanto aos alimentos, aqui este gordinho desde a primeira vez que introduzi a primeira sopa, até agora , comeu sempre uma concha. Não quer dizer que não regrida. Mas tenho sempre que ele não mame logo. Deixo passar pelo menos 30 min ou 1h . Mas também o faço há pouco tempo, por isso nós vamos adaptando-nos as necessidades do bebé.
Outra coisa que os pais também têm dificuldade , falo por mim, é nunca acerto na quantidade de água . E alguns alimentos como são mais ricos em água a sopa pode ficar aguada. Porque são quantidades mais pequenas. É isso e a quantidade de sopa. Hoje por exemplo, fiz a sopa mais líquida que a última e percebi que tinha feito sopa a mais que dava mais 3 dias. Pus numa caixa e congelei.
Confesso que a primeira sopa que fiz, claro que sem sal, estava tão boa que acabei por comer o que sobrou. Ahahah
Beijinho