Amamentar sempre esteve nos meus planos mas confesso que não pensava muito nisso. Nem mesmo na gravidez foi motivo de preocupação. Sempre ouvi e lidei com ambas as partes: o casal que opta por amamentar o seu bebé e aquele que decide dar-lhe leite artificial. Sejam quais forem os motivos, o importante é que seja uma decisão informada e em consciência.
Apercebia-me que amamentar não tinha só coisas boas. Na urgência não é tão frequente, mas os colegas da neonatologia todos os dias ajudam mães e pais no processo de amamentação e se deparam com autênticos momentos de sofrimento: mamilos gretados, mamas dolorosas e muita, muita dor.
É claro que as leituras que fiz e o conhecimento que advém da experiência diária ajudaram na minha decisão de querer amamentar. Mas estava preparada para, em caso de não correr bem, dar leite artificial. Ou… Achava eu que estava preparada!
Na verdade não estava! Desde o primeiro instante que o João Maria fez uma péssima pega (não abocanhava bem o mamilo) o que cedo me causou gretas nos mamilos e uma dor insuportável, como nem dá para quantificar! Há uns meses atrás, se imaginasse tal dor, prontificava-me a comprar uma lata de leite artificial e desistia de amamentar. Mas agora o cenário era outro. Eu estava mesmo alí, tinha sido mãe e um clik se fez em mim e me deu forças, onde não sabia existirem, para lutar pelo meu objetivo que era o de amamentar o meu bebé.
Insisti. Sofri. Doeu muito. Mas queria tanto! Por mais que soubesse que não seria pior mãe se optasse por não amamentar o meu filho. Eu queria mesmo fazê-lo! Queria porque o leite materno é considerado pela Organização Mundial de Saúde o melhor alimento a ser oferecido ao bebé, de forma exclusiva até aos 6 meses de idade. Confere-lhe, pois:
– composição nutricional ajustada às suas reais necessidades. Só o teu organismo produz o melhor leite para o teu bebé! :);
– fortalecimento do sistema imunitário;
– maior apego com a mãe, pela sensação de maior segurança e conforto, fulcral ao seu crescimento e desenvolvimento.
Mas também para a mãe a amamentação se mostra benéfica:
– promove recuperação mais rápida do organismo da mulher no pós-parto, estando associada a dominuição do risco de cancro da mama e do ovário;
– facilita no processo de perda de peso.
Em www.saudereprodutiva.dgs.pt encontras informação pertinente e relacionada com este tema.
Para a amamentação ser bem sucedida é imprescindível que o pai seja incluído neste processo, que a decisão seja tomada em casal e que todas as pessoas significativas saibam as vantagens da amamentação e respeitem a decisão do casal.
Igualmente e extremamente importante é não ter medo de pedir ajuda aos profissionais certos. É muitas vezes esse o passo que faz toda a diferença e ajuda muitos pais e bebés a terem sucesso na amamentação. As maternidades têm profissionais experientes em aconselhamento na amamentação. Não tenham alta hospitalar sem verem respondidas todas as vossas dúvidas e sem ficarem com um contacto de referência em caso de precisarem de apoio em casa.
No meu caso em particular, foi o apoio destes profissionais que permitiu que não desistisse de amamentar o meu bebé, numa fase em que a dor já era insuportável e a cada mamada as lágrimas me corriam pelo rosto.
Explico-vos no artigo «Desafios da amamentação» como superei esta fase difícil, permitindo-me amamentar em exclusivo o meu bebé até aos 5 meses e meio de vida, mantendo ainda hoje o leite materno como principal leite diário.
E convosco, como tem sido a vossa experiência ou o que esperam desta fase se ainda não passaram por ela? Partilhem as vossas histórias.
Posso deixar uma dica para futuras mamãs? O livro “Um acto de amor” da pediatra Leonor Levy. Para futuras mamãs e futuros papás, como é óbvio! É super fácil e agradável de ler, explica a amamentação de uma forma simples, tem muitas dicas importantes e fáceis de aplicar, desmistifica ideias enraizadas em muitas cabeças e é baseado nas orientações da OMS. Ajudou-me muito! :blush:
Que bom! Obrigada Raquel :):)
Como bem sabes, foi muito doloroso em ambas as princesas… Doloroso física e emocionalmente. Fisicamente pelas dores, a sensação que tinha de que me estariam lâminas a entrar pelos mamilos adentro… Terrível! Eu, que considero tolerar tanto a dor.. Qual quê! Lágrimas? Sim, algumas… Desistir? Nunca!! Por ela, por mim, por ambas e por todas as razões que mencionaste…
Emocionalmente porque no 1.caso a princesa iniciou L. A. às 3 semanas de vida, conciliando c/ o leite materno, até aos 6.5M…. Tive muita pena e, por muito que insistam que não deveria, sentimentos de impotência e de culpa. Não saber se poderia ter feito algo diferente p/ que, à semelhança da 2a experiência, fosse possível amamentar em exclusivo. Lamento profundamente não ter tido aconselhamento na altura… Mas agradeço-te, de ❤️, o apoio e as dicas!! ❤️❤️❤️
Também para mim, amamentar a minha bebé foi sempre uma prioridade! Revejo-me no testemunho! Lembro-me de me correrem as lágrimas pela cara abaixo mas em momento algum pensei em desistir! Respeito a decisão do não amamentar mas para mim, amamentar era e é imprescindível ❤️ É mesmo com as dificuldades, desistir esteve e está fora de questão! Tal como tu dizes, procurar ajuda é fundamental! Tive a sorte de a minha filha fazer uma boa pega Mas lembro-me que a altura da subida do leite foi dolorosa… da vontade de desistir? Dá! Dói? Ou se dói! Mas quando sabemos que é o melhor para o nosso bebé, cada lágrima vale a pena! Mas atenção, é como dizes, não é suposto a dor se manter, e há que procurar ajuda o quanto antes! E aqui, uma vez mais, muito me ajudaste! Sempre que me queixo de dores nas minhas maminhas, lá estás tu para me orientar e dar-me sempre uma
palavra de ajuda e encorajamento! Obrigada